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A IGREJA ROMANA COMO SINAL DO FIM

Catedral de Florença

parte – 3

Nos dois artigos anteriores, procuramos investigar a origem da Igreja Católica Apostólica Romana, mostrando como se trata de uma organização que não pode ser a representante do organismo que é a Igreja fundada por Jesus Cristo, como também verificar os seus fundamentos, o que explica não só a sua longevidade, mas também o seu próprio papel profético.

É ela, como dissemos, a “Babilônia mística” retratada no capítulo 17 do livro de Apocalipse e, portanto, por se encontrar nas profecias bíblicas, é uma instituição que devemos acompanhar e analisar, para que tenhamos mais informações dos “sinais dos tempos”.

Passemos, então, a analisar o que nos diz esta passagem bíblica mencionada a respeito desta organização e, à luz das Escrituras e dos fatos que andam ocorrendo, tragamos dados e informações que fortaleçam a nossa fé e nos levem a nos aprimorar mais e mais na busca do Senhor e na preparação para que alcancemos a glorificação, o último estágio do processo da salvação, que é o fim da nossa fé (Cf. I Pe.1:9), percebendo como é iminente o arrebatamento da Igreja.

O capítulo 17 é uma visão que João teve por parte de um dos sete anjos que tinham as sete taças, cujo objetivo era “mostrar a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas” (Ap.17:1).

Notemos, portanto, que a visão fala de uma condenação, ou seja, é lançado um juízo divino sobre esta “grande prostituta assentada sobre muitas águas”.

Estar “assentada sobre muitas águas” significa que se trata de alguém que se encontra em muitos lugares, em todo o mundo, pois as águas sempre simbolizam as nações, tanto que o Anticristo é descrito como “a besta que subiu do mar” (Ap.13:1) e o próprio texto bíblico diz que estas águas simbolizam povos, multidões, nações e línguas (Ap.17:15).

Tem-se aqui a constatação de que se está diante de uma instituição que se encontra em todos os países, o que mostra ser, mesmo, a Igreja Católica Apostólica Romana, pois é ela “católica”, ou seja, “universal”.

É ela descrita como “grande prostituta”. Mais uma vez, mostra-se que se trata de uma instituição grande, relevante no cenário internacional e é este o caso da Igreja Católica Apostólica Romana que, desde a queda do Império Romano do Ocidente, inegavelmente foi a instituição que forjou toda a cultura ocidental, tendo construído a chamada “civilização cristã” na Europa, que se irradiou, com as grandes navegações, para as Américas e mesmo para o Oriente, sem se falar na Oceania.

Mas, além de ser “grande”, também é chamada de “prostituta” e isto porque foi infiel ao Senhor, tendo, como já visto ao longo dos artigos anteriores sobre este tema, deixado as Escrituras, que são as testemunhas de Jesus (Jo.5:39), para passar a acolher crenças, dogmas e práticas oriundos das religiões humanas, construindo uma “paganização” da fé cristã.

O romanismo deixou de servir única e exclusivamente ao Senhor Jesus e passou a cultuar a Maria, aos santos, ao Papa, a quem se deu a qualidade de “Vigário de Cristo”, que é do Espírito Santo e d’Ele só (Cf. Jo.14:16), como também a própria hóstia consagrada, que passou a ser outra “substituta” de Cristo.

A “grande prostituta” teria, também, se prostituído com os reis da terra e os que habitam na terra teriam se embebedado com o vinho da sua prostituição (Ap.17:2).

Na verdade, a Igreja Católica Apostólica Romana substituiu o Império Romano do Ocidente e, ao “evangelizar” os povos bárbaros, construiu um sistema político na Europa que fez com que todos os reinos estivessem sob a submissão do Papado, a quem se atribuiu as “duas espadas”, ou seja, “o poder espiritual e o poder temporal”, como afirmou o Papa Bonifácio VIII na bula “Unam Sanctam”[1].

Em 25 de dezembro de 800, o rei franco Carlos Magno foi coroado pelo Papa Leão III em Roma como Imperador do Sacro Império Romano Germânico, ou seja, o Papado reinstituiu o Império Romano, sob o seu comando, império este que somente desapareceria oficialmente como instituição em 6 de agosto de 1806, por conta das guerras napoleônicas, quando o imperador Francisco I, do Império Austro-Húngaro, abdicou, ou seja, durante mais de mil anos se considerou que o poder dos reis europeus era dependente do Papado.

A Igreja Católica Apostólica Romana, portanto, tomou para si o chamado “poder temporal”, ou seja, o “poder governante”, chancelando sempre os demais governantes, que passaram a seguir as suas crenças e doutrinas e é isto que significa “embebedar-se com o vinho de sua prostituição”.

A Reforma Protestante, em boa medida, foi utilizada por muitos dos governantes europeus exatamente para se livrarem desta tutela papal aos seus poderes. Aliás, o nome “protestante” designava precisamente os príncipes alemães que “protestaram” contra a perseguição a Lutero e que adotaram a doutrina luterana, entre outras coisas, para se desvencilhar do “Sacro Império” e, por conseguinte, do Papa.

Em 1526, o principal destes príncipes, João da Saxônia, declarou a igreja luterana como oficial em seu território e já se proclamou como o “primeiro bispo” da igreja, demonstrando, assim, como seguia a mesma “sede de poder temporal” e não é surpresa, pois, que muitas igrejas luteranas tenham se alinhado com governos, como ocorreu em países como a Suécia (onde o luteranismo deixou de ser a religião oficial somente em 2000) e a Dinamarca, onde até hoje é a religião oficial do Estado.

Temos aqui, pois, um grupo que se utilizou da Reforma Protestante com outros propósitos que não os de retorno à sã doutrina e será este grupo que, unido a outros adversários do Papado (como os judeus e o rei Henrique VIII da Inglaterra, por exemplo), acabarão por construir, na Europa, uma força anticatólica mas que também seria anticristã, que terá a Maçonaria como um dos seus principais braços. São pessoas e instituições que se embebedaram, também, do “vinho da prostituição” do romanismo.

Trata-se, portanto, de um grupo que, igualmente se dizendo “cristão”, com a mesma sede de poder temporal, servirá aos propósitos do inimigo da Igreja e trabalhará para que se tenha o restabelecimento de um sistema abertamente contrário a Cristo, com a reinstauração completa do sistema gentílico que, com o advento de Jesus e do Evangelho, foi abalado, visto que, com o Senhor Jesus, o reino de Deus passou a estar entre nós (Lc.17:21).

Não é à toa que, por exemplo, estas igrejas luteranas oficiais sejam denominações que atualmente aceitam o homossexualismo, a ideologia de gênero e tantas outras coisas evidentemente contrárias à sã doutrina, pois não passam de outros segmentos alinhados com o anticristianismo[2].

O atrelamento de uma organização religiosa a interesses governamentais ou políticos sempre representa a própria negação da própria finalidade da Igreja tal como estabelecida pelo Senhor Jesus.[3]

As Escrituras descrevem este sistema como sendo uma besta que tinha “uma de suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada” (Ap.13:3). Este sistema, que havia sido atingido com a vinda de Cristo e o surgimento da Sua Igreja, agência por excelência do reino de Deus, ressurgirá, assim que a Igreja for retirada da face da Terra.

Este sistema não se volta apenas contra a Igreja, mas também contra a Igreja Católica Apostólica Romana que, como se verá, depois de ter servido aos interesses anticristãos, ela mesma acabará sendo destruída por este sistema mundano.

É o que veremos na sequência e conclusão deste artigo.

* Pastor auxiliar da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São Paulo e colaborador do Portal Escola Dominical (www.portalebd.org.br).


[1] Eis importante trecho desta bula: “… As palavras do Evangelho nos ensinam: esta potência comporta duas espadas, todas as duas estão em poder da Igreja: a espada espiritual e a espada temporal. Mas esta última deve ser usada para a Igreja enquanto que a primeira deve ser usada pela Igreja. O espiritual deve ser manuseado pela mão do padre; o temporal, pela mão dos reis e cavaleiros, com o consenso e segundo a vontade do padre. Uma espada deve estar subordinada à outra espada; a autoridade temporal deve ser submissa à autoridade espiritual.…” (Disponível em: https://www.montfort.org.br/bra/documentos/decretos/unamsanctam/ Acesso em 10 jan. 2023).

[2] Eis algumas notícias a confirmar o que se diz: Igreja Luterana da Suécia aprova casamentos gays. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2009/10/091023_suecia_casamento_gay_rw Acesso em 17 jan. 2023; Igreja da Suécia anuncia que é uma instituição trans. Disponível em: https://www.gospelprime.com.br/igreja-da-suecia-anuncia-que-e-uma-instituicao-trans/ Acesso em 17 jan. 2023; Dinamarca legaliza união entre homossexuais em igrejas luteranas. Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/dinamarca-legaliza-uniao-entre-homossexuais-em-igrejas-luteranas/ Acesso em 17 jan. 2023.

[3] É o que bem afirma o pe. Bernado Maria que, embora se atenha a uma “nacionalização” da Igreja, na verdade, menciona um fenômeno que é mais amplo que o simples “nacionalismo”, mas o desvio de foco da Igreja para um poder temporal: “…nota-se o quanto uma Igreja nacional, ou seja, uma Igreja associada a um grupo étnico ou Estado-nação em especial, perde sua autonomia e as suas características universais, como deveria ter uma Igreja cristã, e passa a servir a interesses ideológicos, que em muitos aspectos contrariam a própria essência da fé em questão, como quando se fala na visão marxista de mundo.…” (BERNADO MARIA, Pe. É possível servir a Deus e ao comunismo? Disponível em: https://phvox.com.br/e-possivel-servir-a-deus-e-ao-comunismo/ Acesso em 26 fev. 2023).

Caramuru Afonso

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - sede - São Paulo/SP, onde é o responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical e professor de EBD. Doutor em Direito Civil e Bacharel em Filosofia pela USP. Juiz de Direito em São Paulo