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A Relação entre a Bíblia e os Presídios

Se em alguma igreja, na hora do culto, fizéssemos a pergunta: “O que a Bíblia tem a ver com os presídios?”, que resposta obteríamos? Para muitos, a pergunta pode parecer estranha. Para alguns, pode ser que ela nem faça muito sentido. Afinal de contas, o que os presídios têm a ver com a Bíblia Sagrada?

Quando entramos no mundo da Bíblia, aprendemos que a relação entre a Bíblia e as prisões não é tão insignificante quanto parece. Quero compartilhar algumas coisas com vocês neste breve texto.

Quatro dos 27 livros que compõem o Novo Testamento foram escritos na prisão. Paulo estava preso em Roma quando escreveu as Cartas aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses e a Filemom. Pense um pouco nisso: um autor da Bíblia passou um bom tempo preso! Durante esse período, o que se passava na mente desse prisioneiro? Lendo suas Cartas, você verá exatamente que tipos de pensamento ele tinha. Não é interessante isso?

Mas a Bíblia tem mais coisas relacionadas à prisão. Não foi só o apóstolo Paulo que esteve preso. Outros discípulos de Jesus, como, por exemplo, o apóstolo Pedro, foram encarcerados. Muitos dos discípulos de Jesus foram julgados e condenados, inclusive à morte. Ou seja, em determinados momentos da História, se visitássemos as prisões, encontraríamos seguidores de Jesus. Até o Senhor Jesus Cristo foi preso, julgado e condenado!

No Antigo Testamento, também há muitos casos de prisioneiros. Daniel foi preso e condenado a morrer numa cova com leões. O próprio povo de Israel foi feito prisioneiro e levado cativo para a Babilônia. O povo de Deus foi preso!

Algumas palavras muito particulares de Jesus nos convidam a olhar para os presos com compaixão. Ele disse: “Eu estava… preso, e foram me ver” (Mt 25.36). Depois, Jesus acrescentou: “sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mt 25.40). Além dessa palavra de Jesus, ele também disse a um malfeitor arrependido, crucificado ao seu lado: “hoje você estará comigo no paraíso” (Lc 23.43). Quando Jesus morreu na cruz, Ele não morreu apenas por algumas pessoas. Ele deu a vida por todos! Ele também morreu pelos que estão nas prisões. Para eles também a mensagem de perdão e de nova oportunidade deve ser oferecida. Quem crê em Cristo tem a vida eterna.

Faço toda essa introdução para mostrar como é importante levar a Bíblia aos presídios. Se há tanta coisa que podemos aprender sobre o tema na própria Bíblia, nada melhor do que levá-la às prisões novamente. Ela faz a diferença para toda a comunidade que está ligada à realidade prisional. São beneficiados com a Bíblia os próprios prisioneiros, os que trabalham na carceragem e as famílias dos presos.

Desde a sua fundação, a Sociedade Bíblica do Brasil esforça-se para que os presos recebam a Bíblia Sagrada. Mas esta é uma tarefa árdua, que não se alcança fácil nem definitivamente. O Brasil é o segundo país do mundo em população carcerária. Hoje há por volta de 800 mil prisioneiros nos presídios do país. A maioria está presa em regime fechado. Mas essa população é rotativa. Enquanto uns terminam sua pena, outros vão chegando. Além disso, há um remanejamento dos presos que são trocados de prisões. Por isso, dar Bíblias a todos é muito difícil e exige alto volume de investimento — humano e financeiro.

Este ano, a Sociedade Bíblica do Brasil chama as igrejas e os cristãos a ajudar, para que essa tarefa possa ser realizada com mais extensão. Para isso, precisamos das orações e das ofertas de todos. Ajudem-nos a continuar levando a Palavra de Deus aos presídios. Muitas vidas, dessa forma, são recuperadas e passam a conhecer o Salvador, Jesus Cristo. Veja mais informações sobre este desafio no site da Sociedade Bíblica do Brasil – sbb.org.br – e em seus canais nas redes sociais.

A SBB

Desde 1948, a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) tem a missão de “semear a Palavra que transforma vidas”. Trata-se de uma organização beneficente, sem fins lucrativos, assistencial, educativa e cultural. Sua finalidade é divulgar a Bíblia e a sua mensagem, tornando-a relevante para todas as pessoas. Para isso, traduz, produz e distribui a Bíblia — além de incentivar sua leitura e estudo — e desenvolve programas sociais que atendem a populações em situação de risco e vulnerabilidade social.

Erní Walter Seibert

Erní Walter Seibert é diretor executivo da Sociedade Bíblica do Brasil, dourtor em ciências da religião e diretor do Museu da Bíblia.