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Como ser mais semelhantes a Cristo

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            Em 1 Coríntios 11.1, a tradução Nova Almeida Atualizada diz: “Sejam meus imitadores, como também eu sou imitador de Cristo”. No texto original, a palavra traduzida como “imitadores” é “mimetaí”. Em português, a palavra “mímica” tem sua raiz nessa palavra grega. No entanto, não faria muito sentido dizer em português que devemos fazer a mímica do apóstolo Paulo, assim como ele fez a mímica de Cristo. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje expressa este texto da seguinte forma: “Sigam o meu exemplo como eu sigo o exemplo de Cristo”. O texto de 1 Coríntios nos anima a sermos imitadores, seguir o exemplo de Cristo. Como vemos nesse exemplo, a tradução bíblica é uma ciência e uma arte.

            Mas esse texto tem uma mensagem para nós. Ele fala que devemos seguir bons exemplos. O exemplo maior a seguir é Jesus Cristo. Quando falamos isso nos dias de hoje, surge um outro pensamento incômodo. O ideal de nosso tempo não seria cada um ser dono de seu próprio nariz? O ideal que as pessoas buscam não é cada um ser o senhor sobre sua própria história? Seguir o exemplo de outros não é algo negativo? Temos de reconhecer, que a cultura atual acrescentou uma conotação negativa à ideia da imitação. Um imitador não é alguém autêntico.

            Mas há uma contradição em nossa cultura. A moda parece contrariar a ideia de cada um seguir seus próprios pensamentos. Quando a indústria da moda lança um novo estilo, milhões de pessoas copiam o exemplo. Em nossos dias muito se fala em “influenciadores sociais” e “youtubers” como sendo pessoas que, com suas opiniões, levam consigo milhares de seguidores. Os formadores de opinião são elementos importantes no funcionamento da sociedade contemporânea. Ou seja, a ação de alguns tem influência no comportamento de muitos — dizendo ao revés, muitos seguem o exemplo e são imitadores de poucos.

            O tema da imitação de Cristo sempre esteve presente na vida da igreja cristã. As epístolas paulinas falam diversas vezes da imitação de Cristo. Grandes nomes da fé cristã, como Agostinho e Tomás de Aquino, falaram do ideal da imitação de Cristo. Entre 1380 e 1471 viveu um homem chamado Thomas de Kempis. Ele se tornou monge e deixou uma obra que até hoje é muito lida e traduzida: “Da Imitação de Cristo”. Essa obra é considerada, depois da Bíblia, uma das mais importantes fontes de inspiração para o exercício da vida cristã.

            O tema da imitação de Cristo estava presente entre os reformadores. Lutero e Calvino, com ênfases diferentes, falaram do ideal da vida cristã de ser semelhante a Cristo. Até os dias de hoje, nas mais diferentes expressões da fé cristã, a busca pela semelhança a Cristo é assunto para pregações e livros.

            Uma pergunta básica que o tema nos propõe é a seguinte: Quem seria um bom exemplo que as pessoas poderiam seguir? Os meios de comunicação procuram influenciar o ser humano desde a infância. Músicas são ensinadas, filmes são lançados, todos querendo mostrar exemplos de vida e comportamento para as pessoas. Jovens seguem os exemplos de seus professores. Adultos olham para a sociedade e procuram exemplos de uma vida que faça sentido.

            Para os cristãos, ser semelhante a Cristo é um ideal. E o que seria isso na prática? O resumo do ensino e da prática de Cristo era o amor. Na lei de Deus, o resumo é amar a Deus e amar ao próximo. Mas o amor de Cristo vai além. Na prática, Jesus vai além do que a lei ensina. Ele oferece novas oportunidades, perdoa e muda o sentido da existência das pessoas. Jesus se entrega até a morte em favor daqueles que Ele ama. E Ele vence a morte. Ele ensina que é possível viver assim. É preciso crer nEle para viver assim.

            Ser parecidos, ser imitadores, seguir o exemplo de Jesus hoje é algo muito radical em nossa sociedade. É sentar-se aos pés de Jesus e ouvir sua Palavra. Na prática, é ler a Bíblia e absorver seus ensinamentos. É confiar em Jesus e dedicar a vida a servir a Deus e ao próximo. É reconhecer os erros e pedir perdão. É corrigir a vida voltando novamente ao ensino de Jesus. Certamente não é um caminho fácil o da imitação de Jesus. Mas é um caminho bom, que muda a vida de quem segue a Jesus e muda a própria sociedade à medida que a influência como sal e luz.

A SBB

Desde 1948, a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) tem a missão de “semear a Palavra que transforma vidas”. Trata-se de uma organização beneficente, sem fins lucrativos, assistencial, educativa e cultural. Sua finalidade é divulgar a Bíblia e a sua mensagem, tornando-a relevante para todas as pessoas. Para isso, traduz, produz e distribui a Bíblia — além de incentivar sua leitura e estudo — e desenvolve programas sociais que atendem a populações em situação de risco e vulnerabilidade social.

Erní Walter Seibert

Erní Walter Seibert é diretor executivo da Sociedade Bíblica do Brasil, dourtor em ciências da religião e diretor do Museu da Bíblia.