Entrevistas

Entrevista: Pr. Lélis Washington Marinhos

Por Dário Ferreira e Geisel de Paula

Pastor Setorial de Atibaia e 1º tesoureiro do órgão Ceifeiros em Chamas

O entrevistado desta edição é o Pr. Lélis Washington Marinhos, dirigente da AD Belém, Setor de Atibaia/SP, cidade que possui cerca de 45 congregações. Ele também é líder da UMADEB (União da Mocidade da Assembleia de Deus do Belém), faz parte da comissão do Ceifeiros em Chamas como 1° tesoureiro, além de outras atribuições junto ao Ministério. Atendeu gentilmente ao nosso convite para falarmos sobre missões urbanas.

O senhor fez parte da comissão de pastores que criou o órgão Ceifeiros em Chamas, correto? Conte-nos um pouco desta história.

Louvo a Deus por fazer parte desse grupo seleto que deu origem ao órgão Ceifeiros em Chamas. Faltava na CONFRADESP um órgão de referência voltado a missões. Já existia a Secretaria de Missões que tem cuidado dos obreiros na obra missionária, mas faltava um departamento de conscientização, que, em seu início, organizou grandes eventos, e já aproveito aqui para mandar uma saudação toda especial à família do pastor Valdir Nunes Bícego, grande líder que dirigiu esse departamento em seus primórdios, e ao pastor José Wellington Bezerra da Costa, o grande idealizador do Ceifeiros, que tem uma trajetória linda e marcada por missões nacionais e até internacionais.

Atibaia é uma cidade turística e não está muito distante de São Paulo. Fale um pouco de sua experiência como pastor da AD Belém nesta localidade.

Sou grato a Deus pelo ministério que Deus me deu neste local. Quando ali cheguei, a 22 anos atrás, a igreja passava por momentos de estruturação, por estar no começo do trabalho, mas Deus nos deu estratégias para crescer durante esses anos e avançar em número de congregações. É uma cidade grande, muito espaçada, e o transporte coletivo é complicado e caro, o que dificulta a locomoção dos irmãos.

Atibaia é uma cidade da região metropolitana da Grande São Paulo com cerca de 150 mil habitantes espalhados em mais de 150 bairros e distritos. O Setor possui 45 congregações, ou seja, ainda tem muito a crescer. Como alcançar lugares onde a AD Belém ainda não possui uma congregação?

Como você identificou em sua pesquisa, são lugares por vezes distantes; há bairros que estão há 15, 20 e até 30 quilômetros longe do centro da cidade, e muitas vezes são regiões que não são muito populosas, onde existem muitas chácaras, e esse é um grande desafio de se ter lá uma congregação, um ponto de pregação para os irmãos congregarem. É uma cidade que possui vários condomínios de casas, muitos deles de alto padrão, e sinto-me como Josué, com muita terra para ser conquistada, e ainda há muito o que fazer. Orem por Atibaia e por outros lugares que têm também esse mesmo problema. Deus já tem abençoado, mas orem para que Ele sempre aprove o trabalho de nossas mãos.

Como o senhor enfrenta o problema de falta de obreiros (mão de obra voluntária) em seu Setor?

Esse é um outro grande desafio que temos de enfrentar. Atibaia mesmo localizada a apenas 60 quilômetros da capital, o custo do transporte fica muito alto, pois não há infraestrutura apropriada que facilite o traslado. Um obreiro, que sai da capital para Atibaia de transporte coletivo, irá gastar em média cerca de R$ 60,00 reais; se for de carro, com combustível e pedágio, o gasto será quase o mesmo. Nós treinamos obreiros da região, mas a carência ainda é muito grande. Como o Senhor é o dono da obra, Ele tem nos ajudado.

Vivemos tempos que exigem da igreja estratégias para cumprir o IDE. Do seu ponto de vista, quais as maiores dificuldades impostas à obra de Deus, hoje?

Um outro desafio que temos em Atibaia é o de que ela não é uma cidade de população de renda baixa. Muitos de seus habitantes são da classe média alta. Há um condomínio em que muitos dos que moram lá têm avião ou helicóptero; existe também uma colônia forte de judeus, e muita gente rica da capital tem residência em Atibaia. Isso tudo somado, temos a Assembleia de Deus Belém com uma maioria esmagadora pertencente às classes C, D e E; para esse grupo de pessoas de classe mais privilegiada, precisaríamos ter uma infraestrutura de templos mais confortáveis, pois essa classe procura essa comodidade. Precisamos, também, de obreiros mais qualificados, para tratar com essa classe. São desafios que encontramos e somos limitados diante de tudo isso. Só a mão de Deus para nos ajudar. Cada lugar tem necessidade de uma estratégia própria para se alcançar as pessoas.

Trabalhos de evangelismo como entrega de folhetos, cultos ao ar livre, cruzadas, ainda são importantes para a propagação do Evangelho?

Sem dúvida alguma, sim! São relevantes. Mas precisamos atentar para um fato: As estatísticas mostram que os resultados de uma cruzada evangelística são muito pequenos, coisa de 0,5%. O maior rendimento dentro do Ide ainda é o evangelismo pessoal, as interações individuais, que, segundo dados, chegam a quase 50%. A Assembleia de Deus cresceu com cultos nos lares, que, a meu ver, sumiram atualmente. Precisamos nos preocupar com os que estão lá fora. Cultos ao ar livre com a participação da banda, “a furiosa”, com era conhecida, eram recursos fantásticos e precisamos ressuscitar isso, pois foi assim que a igreja expandiu: de um culto no lar, virou um ponto de pregação que se transformou em uma congregação. Precisamos focar nisso.

O senhor é o coordenador Geral de Jovens do Ministério do Belém (UMADEB). Ocupando tal posição, de modo mais amplo, como envolver e inflamar a juventude do Ministério do Belém em evangelismo e missões?

Pergunta muito oportuna. Os jovens e adolescentes, quando são estimulados, costumam vestir a camisa e trabalhar. O que falta é este estímulo, pois, a tempos atrás, nossos jovens evangelizavam mais, em cultos ao ar livre, em praças, nos ônibus e isso com muita alegria e disposição, quando transformavam estes eventos em verdadeiros encontros com Deus, com batismo no Espírito Santo e transformação de vidas. Cantar bonito não é uma exclusividade de nossa igreja. Outros lugares fazem igual ou até melhor; precisamos fazer com que nossa juventude assuma o compromisso de ganhar almas para Jesus; esse deve ser o nosso foco, o nosso alvo e a nossa melhor característica: Almas para o Senhor Jesus!

Ceifeiros

Órgão de conscientização missionária e de comunicação da Confradesp.