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JESUS, A GRANDE COMISSÃO E A IGREJA

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espirito Santo” (Mt 28.19)

Um dos grandes desafios hoje é (re)pensar a Igreja na perspectiva da Missio Dei, a Missão de Deus. Cabe-nos a pergunta: a Igreja atual tem sido fiel à sua vocação missionária?

Acredito que a ordem missionária precisa ser repensada. Quantas vezes já ouvimos falar e temos repetido frequentemente quase que como um jargão sobre o Ide de Jesus. Afirmamos que o imperativo do Mestre à sua Igreja é o Ide, mas muitas vezes estamos ocupados demais com as nossas agendas e deixamos a Grande Comissão apenas no discurso.

Gostaria de, neste singelo devocional, propor uma breve reflexão a partir do texto escrito por Mateus como transcrito acima.

Por que precisamos repensar o desafio missionário contemporâneo?

1. Porque muitas vezes substituímos a ordem do discipulado pelo apelo.

Conhecemos na história que o “apelo” foi criado por dois homens de Deus: John Wesley, na Inglaterra; e Charles Finney, nos Estados Unidos. Depois deles, já no século XX, o conhecido e respeitado evangelista Billy Graham, em suas famosas cruzadas evangelísticas, reunia milhares de pessoas que, após sua pregação, iam a frente e tomavam uma decisão por Jesus.

Em hipótese alguma, nem de longe, faço qualquer insinuação de reprovação ao método desses verdadeiros ícones da evangelização mundial. Entretanto, devemos admitir que temos, sim, feito um mal-uso desse método (o apelo). Preocupamo-nos tanto em trazer pessoas para nossas reuniões de culto, o que não é errado absolutamente, e esquecemo-nos que a ordem é discipular. Temos alimentado uma evangelização “pulpitocêntrica”. Por isso, o método prevalecente de evangelização, entre nós, é o do “VINDE” e não o do “IDE” de Jesus. Preocupamo-nos mais com o “fazer convidadores” do que com o “fazer evangelistas”.

A ordem do discipulado jamais pode ser substituída. O apelo é importante, mas ele jamais substituirá o discipulado. Alguém já disse: “a Igreja pós-moderna tem sido uma excelente parteira, mas uma péssima pediatra”. Ou seja, até gera filhos, mas não cuida deles.

2. Porque confundimos a ordem do discipulado com proselitismo

“Evangelizar é fertilizar a vida e não simplesmente propagar uma doutrina ou impor uma mudança cultural”. 

Sou assembleiano de berço, e pertenço à terceira geração de pastores em minha família. Amo minha Igreja, mas uma coisa precisa ficar clara a todos nós: nossa grande e primordial tarefa é fazer discípulos de Cristo. Infelizmente, temos assistido a muito debate teológico e doutrinário ultimamente, e, com o advento da internet e das redes sociais, tudo fica muito exposto. Há um clima de muita hostilidade e de ataques de todos os lados em busca de defender e de apresentar qual a teologia mais correta. Entendemos perfeitamente que, como cristãos e leitores da Bíblia, precisamos também exercer uma apologética que, como escreveu o apostolo Pedro, traga à luz a razão da nossa esperança (1 Pe 3.15). Todavia, não podemos cair na tentação do debate pelo debate, e fechar-nos dentro de nossos guetos, em busca apenas de convencer as pessoas de nossa teologia. Precisamos nos levantar como baluartes da verdade (1 Tm 3.15), a fim de proclamarmos Cristo e cumprirmos o que disse Jesus: “Façam discípulos e ensine-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. O apóstolo Paulo escreveu: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2.2).

Precisamos assumir um compromisso desregionalizado. O objetivo da ação da Igreja tem de ser o mundo inteiro. Já dizia John Wesley: “O mundo é a minha paróquia”. E qual deve ser nossa missão? Levar as pessoas ao pleno conhecimento de Cristo e inspirá-las a viver a vida que vivemos a partir de Cristo. As religiões proselitistas querem conseguir adeptos, seguidores; querem converter e convencer as pessoas a aderirem às suas doutrinas. O cristianismo é a única religião no mundo que não visa adesão de adeptos, mas, sim, que homens e mulheres sejam transformados em seguidores de Jesus Cristo.

“Fazer discípulos significa impregnar a vida de Deus no próximo, inspirar outros a quererem a vida de Deus que temos, influenciar os hesitantes, os mornos, os que coxeiam e serpenteiam entre dois caminhos e querem a nossa mesma vida de triunfo”.

Que o Senhor, dono e autor da missão, nos fortaleça, nos encoraje e nos ajude no grande projeto do Reino de Deus.

Amém!

Pr. Nilson Gomes

Nilson Gomes é Pastor auxiliar na Assembleia de Deus ministério do Belém (sede), no bairro do Belenzinho, São Paulo-SP; escritor e pregador inflamado, há anos dedica-se a pregação do Evangelho. Teólogo, formado pelo seminário teológico ICEC – (Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos) e obteve sua graduação teológica pela Faculdade Unida de Vitória-ES.