Ceifeiros

OS QUE SERÃO ARREBATADOS – PARTE 3

OS QUE SERÃO ARREBATADOS – PARTE 3

Em seguimento ao estudo daqueles que serão arrebatados, a fim de que, no princípio das dores (Mt 24.8), período em que estamos a viver, saibamos se estamos, ou não preparados para encontrar com o Senhor nos ares, analisaremos, desta feita, a terceira parábola do sermão profético de Jesus conforme escreveu Mateus (Mt 25.14-30), que é a parábola dos dez talentos, aproveitando o ensejo para também aqui dissertarmos sobre a parábola das dez minas, que é similar a esta, mas que está registrada no evangelho segundo Lucas e que foi contada pelo Senhor em momento anterior, quando se aproximava de Jerusalém, na Sua última Páscoa (Lc 19.11-27).

Jesus, na sequência de Seu sermão escatológico, em que está a fazer uso do recurso das parábolas para ensinar quem será arrebatado, como se preparar para a Sua vinda, cujos sinais havia anunciado, diz que isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhe os seus bens (Mt 25.14).

O período da Igreja é, assim, considerado pelo Senhor como o “período em que o homem partiu para fora da Terra”. É o tempo em que Jesus Cristo não está na Terra, período iniciado com a Sua ascensão ao Céu e que terminará quando a própria Igreja será tirada da Terra.

Aqui, vemos, uma vez mais, uma demonstração de que a Igreja não passará pela Grande Tribulação. A Igreja, Corpo de Cristo, segue as pisadas do seu Senhor, da sua cabeça (Ef 5.23) e, assim como Ele partiu para fora da Terra, também ela o fará, encontrando com Ele nos ares (1 Ts 4.17), escapando da ira futura (I Ts.1:10).

Antes de partir para fora da Terra, o homem, que é o senhor, entregou aos seus servos bens, o que nos recorda os atos do Senhor Jesus, ao conceder dons aos Seus discípulos a partir de Sua ressurreição (Jo 20.19-23; At 1.2,4,8) e o que Paulo nos fala em Ef 4.7-16.

Ao dar seus bens aos servos, o senhor queria que eles negociassem com tais bens. Na parábola dos talentos, é dito apenas que dois dos três servos negociaram os talentos recebidos, não havendo explícita menção de que houve ordem para tal negociação, o que, na parábola das minas, é dito (Lc 19.13).

Vemos, pois, que os servos receberam talentos (ou minas) que pertencem ao senhor, a fim de negociá-los até que ele voltasse.

Os servos, em primeiro lugar, devem ter a consciência de que o que receberam não é deles e, sim, do senhor.

Esta consciência faz com que eles tomem uma atitude de responsabilidade, cuidado e precaução, pois sabem que, em dia e hora não informados, o senhor voltará para a prestação de contas e que eles não podem, em absoluto, causar prejuízo ao senhor.

Aqueles bens recebidos devem ser bem guardados, manter o valor que possuem, pois é preciso retribuir a confiança demonstrada pelo senhor.

O servo do Senhor Jesus recebe vários dons quando se insere no Corpo de Cristo, a começar do dom da própria salvação, que é valiosíssimo, pois custou o preço do sangue de Jesus vertido na cruz do Calvário (1 Pe1.18,19).

Tendo recebido o dom da salvação, além de outros que são distribuídos particularmente aos membros em particular do Corpo de Cristo, dentro de uma diversidade própria da estrutura dada pelo Senhor Jesus à Igreja (1 Co 12.4-14), torna-se absolutamente necessário que o servo de Cristo Jesus negocie tal dom, e como pode fazê-lo? Pregando o Evangelho!

A evangelização é, portanto, algo que todo salvo em Cristo deve realizar, e, quem não o faz, não se apresenta como servo fiel, não tem consciência de que deve prestar contas ao seu senhor pelo bem recebido.

Não evangelizar é uma maneira de “cavar na terra e esconder o dinheiro do seu senhor”, como fez o servo que o senhor, na prestação de contas, qualificou como “servo inútil” (Mt 25.18,30).

Assim que Jesus subiu ao Céu, os Seus servos ficaram em Jerusalém até do que alto fossem revestidos de poder e, de imediato, começaram a negociação, ganhando quase três mil almas no dia de Pentecostes (At 2.41).

Esta negociação deve ocorrer até que o senhor retorne, até que ele venha.

O Senhor Jesus deu dons aos homens, para que eles possam negociá-los, para que eles entrem em circulação, sejam postos à disposição dos demais seres humanos, a quem o senhor também quer dar estes bens.

Esta negociação é sempre exitosa. Os dois servos que a fizeram, tiveram cem por cento de aproveitamento. O que recebeu cinco talentos, granjeou outros cinco e o que recebeu dois, outros dois. O mesmo aproveitamento, embora a capacidade de cada um fosse diversa, como bem o sabia o senhor, tanto que deu cinco talentos a um e dois, a outro.

Houve, sim, empenho por parte destes servos, mas é inegável que o crescimento foi resultado da ação do senhor, da sua soberania sobre todas as coisas, da qualidade de seus bens. É Deus quem dá o crescimento (1 Co 3.6), a Sua Palavra não volta vazia (Is 55.10,11).

Diante disso, não temos qualquer desculpa para não negociarmos os bens que recebemos, a começar da salvação, que é apenas o primeiro deles.

Os dois servos que negociaram os talentos, ao prestarem contas, foram constituídos no gozo do seu senhor, pois, tendo sido fiéis no pouco, alcançaram condição para desfrutarem do muito.

Aqueles que negociarem os dons recebidos do Senhor, desfrutarão da glória celestial, onde estão bênçãos e situações que jamais foram revelados ou sequer imaginados por nós (Rm 8.18; 1 Co 2:9).

Entretanto, o mau e negligente servo apresentou desculpas que foram rechaçadas pelo senhor.

Disse o servo que conhecia que o senhor era um homem duro, que ceifava onde não semeava e ajuntava onde não espalhava.

Tal afirmação do servo demonstra verdadeiro desconhecimento a respeito do senhor, um servo que tem um imaginário seu próprio e que, portanto, não se comporta como servo, pois o servo faz a vontade do senhor e não o que bem entende.

“Duro” significa “cruel”, “feroz”, “resistente”. Como pode o servo falar isto do senhor que, ausentando-se para longe, confia em seus servos e, mostrando uma grande flexibilidade, entrega quantidade diferente a cada servo segundo a sua própria capacidade?

Ao dizer que o senhor ceifa onde não semeou e ajunta onde não espalhou, está o servo imputando ao seu senhor que ele toma algo que não é seu. Como pode dizer isso se é ele, servo, que, ao permitir a desvalorização do talento recebido, tomou algo que não era seu?

Mesmo fazendo tais acusações ao senhor, considerando-o como um homem mau e injusto, o servo, paradoxalmente, disse que, atemorizado com esta situação, resolveu descumprir a ordem do senhor, enterrando o talento e agora o devolvendo.

Ora, por primeiro, cumpre observar que o servo tinha medo do senhor e quem tem medo não ama perfeitamente, pois o amor perfeito lança fora o temor (1 Jo 4.18).

Temos, pois, aqui um traço importante que nos permite distinguir os dois primeiros servos deste último: o amor.

Por segundo, se via no senhor uma personalidade dura, injusta, digna de medo, como, então, descumpre a sua ordem, como desobedece ao senhor?

Temos, portanto, aqui, mais uma nota distintiva entre os dois primeiros servos e este último: a obediência.

Não negociar é não amar, é não obedecer. Não entrará no gozo do senhor aquele que não demonstrar amor a Jesus Cristo, aquele que não Lhe obedecer.

Jesus nos mandou pregar o Evangelho por todo o mundo a toda criatura, desenvolver os dons recebidos, a começar da salvação, em prol da edificação do corpo de Cristo e da salvação das almas. Temos feito isto? Ou temos medo e estamos a enterrar os dons recebidos?

Somente entrará no gozo do senhor aquele que negociar o que recebeu até a Sua volta. Quem não o fizer, será lançado nas trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes.

                                    Qual é a nossa situação?

* Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São Paulo/SP e colaborador do Portal Escola Dominical (portalebd.org.br).

Caramuru Afonso

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - sede - São Paulo/SP, onde é o responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical e professor de EBD. Doutor em Direito Civil e Bacharel em Filosofia pela USP. Juiz de Direito em São Paulo