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OS QUE SERÃO ARREBATADOS – PARTE 4

Imagem de Bessi por Pixabay

Prosseguindo a análise, neste tempo em que estamos a viver, da iminência do Arrebatamento da Igreja, para saber quem deve ser arrebatado, segundo as Sagradas Escrituras, depois de termos analisado quatro parábolas do Senhor Jesus no contexto de Seu sermão profético, vejamos o que as epístolas nos falam a respeito dos requisitos para que estejamos entre aqueles que se encontrarão com o Senhor nos ares.

A primeira epístola que nos traz uma informação sobre o que é necessário para sermos arrebatados é a epístola aos hebreus, cuja autoria é disputada, alguns a atribuindo a Paulo, outros, não.

Ao falar dos heróis da fé, no famoso capítulo 11 daquela epístola, o escritor menciona Enoque, o sétimo depois de Adão (cf. Jd 14), lembrando que este patriarca antediluviano foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara, visto como, antes da sua transladação, alcançou testemunho de que agradara a Deus (Hb 11.5).

Enoque é o segundo herói da fé que é mencionado nesta galeria, depois de Abel, que foi o primeiro justo a ter seu sangue derramado sendo ele inocente (Lc 11.50,51).

Assim, enquanto Abel, pela sua justiça, morreu injustamente, e isto irá promover a vingança divina, Enoque foi trasladado exatamente para não ver a morte, em virtude da sua justiça.

E esta justiça está no fato de que alcançou o testemunho de que agradara a Deus, pois, como diz o texto do Gênesis 5.22, Enoque andou com Deus.

Esta afirmação de que Enoque andou com Deus é elucidativa, porque o seu pai, “Jarede”, tem um nome cujo significado é “descida”, motivo por que se entende que foi na geração do pai de Enoque que começou a haver a mistura entre a linhagem piedosa de Sete e os demais habitantes da Terra, que levou à corrupção geral da humanidade e ao Dilúvio, como relatado no Gênesis 6.1-12.

Assim, enquanto todos os descendentes de Sete passaram a se envolver com o pecado e a se afastar de Deus, Enoque resolveu andar com Deus, manter-se fiel e obediente ao Senhor e isto fez com que Deus dele Se agradasse, a ponto de poupá-lo da morte física e trasladá-lo para a eternidade sem que tenha passado pela separação do corpo e do homem interior, sem que descesse à sepultura.

Ora, assim como ocorreu com Enoque, também irá ocorrer com os que forem arrebatados no dia em que o Senhor Jesus vier buscar a Sua Igreja.

Estar-se-á, a exemplo dos tempos antediluvianos, em um mundo completamente corrompido pelo pecado. Não nos esqueçamos de que o Senhor Jesus disse que os dias da vinda do Filho do homem seriam iguais aos dias de Noé (Mt 24.37).

Assim, ao resolver andar com Deus, apesar do caminho contrário tomado pelo restante dos homens de seu tempo, Enoque alcançou testemunho de que agradou a Deus e, deste modo, credenciou-se para ser trasladado e não ver a morte.

Andar com Deus é estar de acordo com Ele, pois, como diz o profeta Amós (Am 3.3): andarão dois juntos se não estiverem de acordo?

Por estar de acordo com Deus, Enoque não se misturou com os ímpios, nem tampouco permitiu que a concupiscência falasse mais alto que a observância dos mandamentos divinos, das normas estabelecidas pelo Senhor.

Como Deus não muda (cf. Ml 3.6), Ele continua a agir da mesma maneira e, portanto, todos aqueles que resolverem andar com Ele, que não se misturarem com os ímpios e não permitir que a concupiscência prevaleça em suas vidas, igualmente agradarão ao Senhor e, com isto, estarão credenciados para serem, como Enoque, trasladados para não ver a morte e se encontrarem com Jesus nas nuvens.

É interessante verificar que, durante os anos em que andou com Deus, Enoque trouxe mensagem do Senhor para o povo, tanto que é a primeira pessoa que é explicitamente chamada de profeta na história da humanidade, pois Judas, o irmão do Senhor, diz que ele profetizou, anunciando o juízo divino (Jd 14,15), sendo certo que ao dar o nome de Metuselá para seu primogênito, Enoque reforça esta mensagem, pois Metuselá significa “quando esse morrer, isso virá” e, efetivamente, Metuselá, o homem que mais tempo viveu sobre a face da Terra, morreu no ano do Dilúvio.

Enoque agradou a Deus porque tinha fé, tanto que o escritor aos hebreus, depois de mencionar a vida deste homem, diz que sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário crer que Deus existe e que é galardoador daqueles que O buscam (Hb 11.6).

Enoque cria que Deus existia, tanto que andava com Ele, estava de acordo com o Senhor, bem como esperava recompensa não dos homens, mas do próprio Deus, não se deixando impressionar com os prazeres e vantagens decorrentes da vida dissoluta que os seus contemporâneos passaram a ter.

É de se ver que havia grande admiração pela maneira dissoluta que viviam os “filhos dos homens”, tanto que Enoque tinha por nome o nome do primogênito de Caim, o nome da cidade fundada por Caim e que deveria ser a principal cidade daquele tempo.

Em vez de se agradar a si mesmo, Enoque preferiu agradar a Deus, mantendo uma vida de santidade e de prioridade para a comunhão com o Senhor, a tal ponto que Deus para Si o tomou.

Se quisermos ser arrebatados, precisamos ter este mesmo comportamento. O apóstolo Paulo foi claro ao dizer que, nesta vida, ele não buscava agradar aos homens, mas sim a Deus, pois quem quer agradar aos homens, a começar de nós mesmos, não é servo de Cristo (Gl 1.10).

Quem temos procurado agradar, amados irmãos?  Estamos buscando agradar a nós mesmos, alimentar as nossas vontades, desejos e concupiscências? Ou temos procurado agradar a Deus?

Nos últimos dias, afirma o apóstolo Paulo, haveria aqueles que amontoariam para si doutores conforme as suas próprias concupiscências (2 Tm 4.3), ou seja, correriam atrás de ensinadores que justifiquem a busca pelo próprio agrado, a manutenção de uma vida que é voltada para a própria satisfação, não para a obediência a Deus, para fazer a Sua vontade.

E é neste ponto que analisamos a outra passagem elucidativa das epístolas sobre as características de quem vai ser arrebatado.

É o texto que se encontra em 2 Pedro 3.3,4, quando o apóstolo Pedro traz-nos uma profecia, qual seja, a de que, nos dias imediatamente anteriores ao Arrebatamento da Igreja, viriam escarnecedores, que andariam segundo as suas próprias concupiscências, e que procurariam lançar dúvidas a respeito da promessa da vinda do Senhor.

Ao revelar este fato, Pedro nos mostra que uma característica de quem vai ser arrebatado é, precisamente, a de não andar segundo as suas próprias concupiscências.

Quem é “escarnecedor”, ou seja, zomba, não dá crédito à promessa da vinda do Senhor, é alguém que não anda com Deus, mas, sim, anda segundo as suas próprias concupiscências, busca agradar a si próprio, fazer o que lhe convém, o que lhe traz satisfação, sem se preocupar com a vontade do Senhor.

Por isso mesmo, tais pessoas entram em um processo de autoengano, em que passam a duvidar da promessa da vinda de Cristo, passam, mesmo, a dizer que não haverá arrebatamento, que tudo não passa de um “utopia” ou, ainda, que o Arrebatamento nada mais é que a morte física das pessoas, como ficamos a saber que foi ensinado recentemente, pasmem, em uma igreja que se diz Assembleia de Deus.

Tais pessoas não temem a Deus, vivem como se Deus não existisse, de modo que lhes é mesmo inconveniente lembrar que o Senhor Jesus disse que, em um dia e hora ignorados de todos, virá buscar a Sua Igreja e, a partir de então, fazer descer sobre a Terra a “hora da tentação”, a “ira divina”.

Como é o nosso testemunho? Estamos agradando a Deus ou a nós mesmos, ou aos homens? Somente será arrebatado quem alcançar testemunho de que agrada a Deus, como Enoque.

Que seja esta, irmãos, a nossa situação.

Caramuru Afonso

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - sede - São Paulo/SP, onde é o responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical e professor de EBD. Doutor em Direito Civil e Bacharel em Filosofia pela USP. Juiz de Direito em São Paulo