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Os que serão arrebatados – parte 6

Na sequência do estudo dos textos bíblicos que nos dão as características daqueles que serão arrebatados pelo Senhor Jesus ao término do tempo da Igreja sobre a face da Terra, evento que está muito próximo de ocorrer, continuaremos a verificar as cartas que o próprio Cristo mandou o apóstolo João escrever para as igrejas da Ásia Menor, três das quais já tivemos ocasião de analisar no artigo anterior, onde notamos que cada enaltecimento dado é um comportamento que devemos ter se quisermos nos encontrar com o Senhor nos ares.

A quarta carta é dirigida para a igreja de Tiatira, na qual o Senhor Jesus Se apresenta como Aquele que tem olhos como chama de fogo e pés semelhantes ao latão reluzente, a nos revelar, por primeiro, a profundidade de Seu conhecimento, pois Ele não vê como vê o homem, que somente vê a aparência, mas conhece as nossas intenções, vê o nosso coração (cf. I Sm.16:7; Jo.2:23-25).

Em Tiatira, o que é enaltecido é o amor, o serviço, a fé e a paciência e a circunstância de que as suas últimas obras são mais do que as primeiras (Ap.2:19).

Percebe-se, pois, que, para ser arrebatado, temos de demonstrar amor, serviço, fé e paciência e ter as últimas obras maiores que as primeiras.

A vida cristã é uma vida de serviço a Deus. O apóstolo Paulo, ao resumir o que é a vida com Cristo, ao escrever aquela que muitos consideram ter sido sua primeira carta, a primeira epístola aos tessalonicenses, diz que alguém, ao se tornar cristão, dos ídolos se converte a Deus para servir ao Deus vivo e verdadeiro (I Ts.1:9).

Nós abandonamos o pecado para nos separarmos para Deus e, ao nos separarmos para Deus, temos de servi-l’O e servir não é ficar ocioso, não é ficar sem ter o que fazer, mas, bem ao contrário, passarmos a viver uma vida de dedicação às coisas do Senhor, de busca da Sua presença, passando a exercer as atividades que Ele, como cabeça da Igreja, como Nosso Senhor e Salvador, estabelece que façamos.

Aqui voltamos à figura de que já tratamos nesta série de artigos, quando o próprio Senhor Jesus diz que vem buscar “servos fiéis e prudentes, constituídos sobre a Sua casa e que dão o sustento a Seu tempo” (cf. Mt.24:45).

Nos dias em que vivemos, são muitos os cristãos que estão completamente inativos na obra do Senhor, que nada estão a fazer com relação às “coisas de cima” (cf. Cl.3:2), que não estão a buscar primeiramente o reino de Deus e a sua justiça (Mt.6:33).

É triste verificarmos que muitos resumem sua vida cristã a uma ida até a igreja local, normalmente uma vez por semana, nos domingos à noite, e que estão, no restante do tempo, completamente envolvidos com as coisas desta vida, sem ter uma vida de busca do conhecimento da Palavra de Deus e do poder de Deus, sem cultivar um relacionamento íntimo com o Senhor, sem se envolver na tarefa da evangelização. São pessoas que estão a ter uma “vida vegetativa espiritual” e, em assim vivendo, não serão arrebatadas pelo Senhor, porque suas últimas obras não são mais que as primeiras, porque é isto que espera o Senhor, é isto que Lhe agrada, como revela nesta carta dirigida à igreja de Tiatira.

Para que as nossas obras sejam mais que as primeiras, o Senhor traça um itinerário. É preciso ter amor, serviço, fé e paciência.

Tudo tem de começar com o amor, ou seja, o que fazemos para Jesus devemos fazê-lo porque O amamos, porque entregamos nossa vida para Ele. Paulo dizia que não mais vivia mas Cristo nele vivia e a vida que vivia o fazia na fé do Filho de Deus, que o havia amado e Se entregado por ele.

É bem aqui que vemos a diferença entre o serviço genuíno e autêntico de um cristão e o ativismo, que é o que mais se tem visto hodiernamente. O ativista é alguém que faz muita coisa, que tem muita atividade, mas que não faz isto por amor a Cristo, mas por outras intenções. O apóstolo Paulo fala de pessoas que pregavam o Evangelho por outros motivos que não o amor a Deus (Fp.1:15-17). Que Deus nos guarde do ativismo, pois Cristo tem olhos como chama de fogo e sabe muito bem qual é a intenção do coração!

Depois que há amor, então se tem o serviço, que são as atividades propriamente ditas, serviço este que, certamente, trará a oposição do mundo e do diabo, pois vivemos em constante luta espiritual contra o mal (Ef.6:12), tanto assim que, para prosseguirmos nesta tarefa que a nós foi cometida pelo Senhor Jesus, temos de ter fé e paciência, ou seja, manter a nossa confiança em Deus e saber suportar as aflições, adversidades e tribulações.

Assim, iremos sempre aumentando o nosso serviço para com Deus, nossas últimas obras serão mais que as primeiras e, quando o Senhor chegar, no momento inesperado, por sermos servos produtivos e frutíferos, seremos levados para entrar no gozo do nosso Senhor.

Deve-se ressaltar que, para esta igreja, a censura vai contra a tolerância para com Jezabel, mulher que se diz profetisa e que estava enganando alguns, levando-os à prostituição e idolatria (Ap.2:20).

Quem não se envolve com as coisas do Senhor, quem não diligencia para que tenha amor, serviço, fé e paciência, acaba sendo enganado pelas Jezabéis que se infiltram no meio do povo de Deus e acabam por se prostituir e a ser idólatras.

Não há meio termo, nem um estágio neutro na vida espiritual. Muitos acham que não precisam se envolver com a obra do Senhor, que podem manter um estado de letargia, de inércia, de inação. Ledo engano!

Quem não buscar as “coisas de cima” automaticamente estará a se envolver com as coisas da terra, com a vaidade, com o vazio deste mundo debaixo do sol, tão bem descrito por Salomão no livro de Eclesiastes e o resultado será funesto: acabará sendo enganado e se envolver com este mundo (prostituição) e deixará de ter a Deus como prioridade em sua vida (idolatria), como, aliás, aconteceu com o próprio Salomão. Tomemos cuidado!

A quinta carta foi dirigida para a igreja de Sardes e aqui o Senhor Jesus enaltece algumas pessoas que não contaminaram as suas vestes (Ap.3:4).

Em Sardes, o Senhor Jesus diz que tinham eles nome de quem viviam, mas estavam mortos (Ap.3:3), prosseguindo, pois, no tema da letargia espiritual, de uma “vida vegetativa espiritual”.

Para que estas pessoas não morram, o Senhor Jesus ordena ao anjo da igreja que seja vigilante, que se lembre o que tem recebido e ouvido, guardando-o e se arrependendo (Ap.3:2,3).

A falta de comunhão com Deus (e vida, nas Escrituras, é comunhão, enquanto morte é separação) faz com que nos envolvamos com o pecado, percamos a santidade e, sem a santificação, ninguém verá o Senhor (Hb.12:14).

Faz-se preciso voltarmos a praticar aquilo que aprendemos na Palavra de Deus, a viver de acordo com as Escrituras, com o ensino de Cristo para nós, lavando-nos espiritualmente (Jo.15:3), a fim de que nossas vestes possam ser branqueadas e, assim, separados do pecado, possamos ser arrebatados pelo Senhor naquele dia que tanto se aproxima.

Vejamos que o Senhor Jesus enaltece aqueles que não haviam contaminado as suas vestes e diz claramente que eles, por terem agido assim, andariam  de branco com Ele porque são dignas disso (Ap.3:4).

É mister que nos mantenhamos separados do pecado, que nos separemos para Deus, pois se não vivermos desta maneira, jamais seremos levados pelo Senhor para Se encontrar com Ele nas nuvens.

A sexta carta foi dirigida à igreja de Filadélfia que, a exemplo de Esmirna, não recebeu qualquer repreensão da parte do Senhor Jesus. Por causa disso, aliás, é chamada ela de “a igreja do arrebatamento”, porque, seguindo a interpretação que faz corresponder cada igreja da Ásia Menor a um período histórico da Igreja, Filadélfia seria a igreja da época do arrebatamento, a igreja fiel, que será arrebatada, em contraposição com a igreja apóstata, que é a de Laodiceia, que será deixada por ocasião do arrebatamento.

O Senhor Jesus enaltece em Filadélfia a guarda da Palavra e o negar o Seu nome (Ap.3:8).

Cristo diz que havia aberto uma porta para aquela igreja e ela aproveitou esta oportunidade, guardando a Palavra do Senhor e não negando o Seu nome.

O Senhor, então, diz que, por ela ter guardado a Sua Palavra, Ele iria guardá-la da hora da tentação que há de vir sobre o mundo (Ap.3:10).

Temos aqui, explicitamente, a promessa de que serão arrebatados aqueles que guardarem a Palavra e não negarem o nome de Jesus.

Para ser arrebatado, para não sofrer as aflições terríveis da Grande Tribulação, é necessário que guardemos a Palavra e só pode guardar a Palavra quem ama o Senhor (Jo.14:21).

Diante da “porta aberta”, precisamos guardar a Palavra de Deus, viver de acordo com a sã doutrina, ter uma vida de submissão à vontade do Senhor, nunca negando o Seu nome.

Segundo os estudiosos que seguem a linha interpretativa já aludida, somos nós a igreja de Filadélfia, vivemos este momento imediatamente anterior ao rapto da Igreja e, portanto, devemos aproveitar todas as oportunidades que o desenvolvimento científico-tecnológico nos traz para fazermos a vontade de Deus, ou seja, pregarmos o Evangelho a toda criatura (Mc.16:15), pregação esta que tem de começar pelas nossas vidas, já que não negamos o Seu nome, como também ensinar e aprender o que Jesus nos tem ensinado (Mt.28:19,20).

Temos feito isso? Ainda dá tempo para despertarmos e mudar nosso proceder!

Por fim, temos a sétima carta, que é dirigida à igreja de Laodiceia, a única em que não há qualquer enaltecimento, apenas censura e repreensão.

Esta igreja representa aqueles que não serão arrebatados, aqueles que se apostataram da fé e que, por isso mesmo, serão vomitados pelo Senhor no instante em que se der o arrebatamento (cf. Ap.3:16).

Toda a severa censura sofrida por esta igreja está no fato de que ela é morna (cf. Ap.3:15,16). A mornidão é a mistura entre o quente e o frio. O grande problema dos laodicenses é que eles estavam misturados, não haviam se separado, estamos comprometidos com o mundo, com o pecado e, porque não dizer, com o próprio diabo.

Esta mistura com o mundano e o pecaminoso fez com que eles pusessem Jesus para fora da igreja, tanto que o próprio Cristo diz que estava do lado de fora, batendo na porta, pedindo para entrar (Ap.3:20).

Quem deixa Cristo fora de sua vida não terá como ser arrebatado, pois somente será arrebatado aquele que tem Cristo em si mesmo. O arrebatamento é a reunião de Cristo com o Seu corpo, com a Sua Igreja, como, então, alguém que não tem Cristo pode participar de tal evento?

Cristo está em nossas vidas, amados irmãos? Ou já foi posto para o lado de fora e anda insistentemente pedindo para entrar? Pensemos nisto!

Não podemos alegar ignorância. As Escrituras dizem claramente quais são as características daqueles que serão arrebatados e, diante disto, esforcemos-nos, peçamos graça ao Senhor para que tenhamos tais qualidades, a fim de que, ao soar da última trombeta, como dizem os poetas sacros Bill Gaither e Gloria Gaither, na versão traduzida/adaptada em nossa Harpa Cristã, “qual o som de muitas águas, ouçamos entoar ‘Aleluias ao Cordeiro’, vamos indo para o lar” (parte final terceira estrofe do hino 547). Amém!

Caramuru Afonso

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - sede - São Paulo/SP, onde é o responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical e professor de EBD. Doutor em Direito Civil e Bacharel em Filosofia pela USP. Juiz de Direito em São Paulo