A humanidade sempre teve por hábito celebrar datas especiais. No Brasil não é diferente. Temos o Dia da Paz Universal (1º de Janeiro), o Dia do Trabalho (1º de maio) e outros. São feriados de temas importantes. Temos dias cívicos, como o da Independência e o da Proclamação da República. Temos dias ligados à fé, como a Páscoa e o Natal. Há datas especiais que são facilmente compreendidas, outras, nem tanto.
No segundo domingo de dezembro, no Brasil, é celebrado o Dia da Bíblia. Há uma Lei que instituiu essa data. A Lei 10.335 de 19 de dezembro de 2001 institui o Dia da Bíblia com os seguintes dizeres:
Art. 1o Fica instituído o Dia da Bíblia, a ser celebrado no segundo domingo do mês de dezembro de cada ano, em todo o território nacional.
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Quem assina a Lei é o então presidente da república, Fernando Henrique Cardoso.
O que o texto legal faz é reconhecer em forma de lei o que já acontecia desde a década de 1950 em nosso país nas igrejas evangélicas: a celebração do Dia da Bíblia no segundo domingo de dezembro.
Por que o Dia da Bíblia era celebrado nessa data? Para entender a resposta, temos de voltar para a história. No ano de 1549, um bispo anglicano chamado Cranmer incluiu essa data no livro de orações do rei Eduardo VI. A Igreja Anglicana manteve a tradição de seguir em sua liturgia o ano eclesiástico. O ano da Igreja começa com o período de Advento — quatro semanas antes do Natal. Nesse período, a Igreja se preparava para a vinda de Cristo, celebrada no Natal. Entre as ênfases dadas a cada domingo estavam: A primeira vinda de Cristo; a segunda vinda de Cristo no dia do juízo final; a vinda de Cristo ao mundo hoje, por meio da Palavra de Deus. A ênfase de que Cristo vem ao mundo hoje por meio da Palavra de Deus está por trás da escolha do segundo domingo de dezembro como o Dia da Bíblia.
No Brasil, os primeiros missionários evangélicos tinham essa mesma tradição e a trouxeram consigo. No ano de 1948, o ano em que foi fundada a Sociedade Bíblica do Brasil, aconteceu a primeira comemoração pública desse dia, junto ao Museu do Ipiranga, em São Paulo. Dali em diante, com o estímulo de campanhas feitas pela Sociedade Bíblica do Brasil, essa data começou a ser celebrada em todo Brasil pelas Igrejas Evangélicas. Em muitas cidades, a programação do Dia da Bíblia já começa uma semana antes e se estende por todo esse período.
Celebrar o Dia da Bíblia é celebrar o fato de Deus se comunicar conosco pela sua Palavra. O autor de Hebreus começa seu texto dizendo: “Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados, mas nestes últimos tempos ele nos falou por meio do seu Filho. Foi ele quem Deus escolheu para possuir todas as coisas e foi por meio dele que Deus criou o Universo” (Hb 1.1-2, NTLH). O evangelista João, no começo de seu evangelho diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus… “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.1,14, NAA). Jesus é a Palavra encarnada. Quando celebramos o Dia da Bíblia, celebramos Jesus.
A sugestão que a Sociedade Bíblica do Brasil faz para a celebração do Dia da Bíblia desse ano é que seja lembrado que a Bíblia é o livro de referência para o ser humano, especialmente no que diz respeito à reconciliação na família e na sociedade. A humanidade vive tempos em que a polarização está afastando as pessoas umas das outras. Isso se verifica isso até mesmo na vida das famílias. Em 2Coríntios 5.18-19 (NAA) está registrado: “Ora, tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação.” A Bíblia é palavra de reconciliação. Sem dúvida, um grande motivo para celebrarmos o Dia da Bíblia.
