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ENTREVISTA COM LEANDRO DOMINGOS

Estrategista digital Leandro Domingos

A história da Evangelização no Brasil passou pela catequização dos índios, pela absorção das crenças indígenas e tribais africanas, pela vinda de missionários estrangeiros, pelo boom do Pentecostalismo com curas, milagres e distribuição de folhetos, até chegarmos ao século XXI, onde o mundo digital trouxe novas oportunidades para propagar o Evangelho de Jesus. É sobre isso que falaremos hoje com o especialista nas Mídias Digitais, Leandro Domingos, empresário e estrategista digital, aqui no Programa Momento Missionário, discutindo o anúncio do Evangelho no ambiente digital.

Na sociedade de consumo em que vivemos, as igrejas se tornaram ambientes de entretenimento e as plateias anseiam por diversão. Esse fenômeno é um reflexo do nosso comportamento nas redes sociais?

Eu acredito que sim. Hoje é comum vermos muitas pessoas se perdendo na internet, cristãos também, com dois reflexos: positivo e negativo; e aí precisamos de um filtro: o que estou consumindo nas redes? Adolescentes, jovens e adultos precisam refletir. O índice de divórcio subiu por conta da pornografia nas redes; as famílias não se assentam mais na mesa para as refeições em comunhão. Isso é visto no pai, na mãe e nas crianças, cada qual em seu mundo particular. Esse contexto é muito negativo na minha opinião.

Se Jesus vivesse em nossa cultura secularizada, ele sofreria cancelamento nas redes sociais?

Hoje nós temos algumas tribos, e para algumas ele seria cancelado; já para outras, creio que não. Vimos o que aconteceu com o cantor Kleber Lucas, o que aconteceu com o cantor J.A., por isso acho que depende da tribo.

Quanto tempo as pessoas precisam parar para que uma mensagem evangelística seja devidamente absorvida?

Hoje o público que consome conteúdo na internet é muito imediatista. Se formos usar como exemplo o YouTube. Qual motivo ele subiu uma ferramenta de shorts (vídeos curtos)? Por que as pessoas deixaram de consumir vídeos mais densos, de 30, 40, 50 minutos. Nós que gerenciamos essas contas, constatamos pelas métricas que a média é de 10 ou 15 minutos no máximo, e dependendo do assunto abordado vai para 20, 30 minutos, mas é muito raro. No Instagram tem o reels, que são vídeos de no máximo, dois minutos, e as pessoas ficam presas de 10 a 20 segundos no máximo. Por isso nós devemos ser assertivos e termos uma estratégia bem definida: quem é o meu público-alvo? Qual o conteúdo está trazendo mais retorno? Como podemos reter a atenção do público-alvo? Hoje o público quer ver vídeos, e não imagens estáticas. Importante também para alcançar o público não cristão o tráfego pago e a constância nas publicações, estudando as métricas, horários e temas específicos.

Dá para atacar em todas as frentes ou é preciso definir uma mídia social apenas para anunciar o Evangelho com excelência?

      Hoje temos que pensar visando o Reino de Deus, e por isso precisamos fazer o nosso trabalho com excelência. Se você tem tempo e recursos para agir em todas as frentes, glória a Deus, se não for possível, foque em uma, investindo qualidade nas publicações e no máximo de compartilhamentos que conseguir. Você pode começar pelo Facebook/Instagram, e depois de certa estabilidade ganhando audiência, realizando lives, vídeos, você pode criar um canal no YouTube subindo vídeos mais densos; com essas ferramentas andando de acordo, crie uma conta no TikTok, postando cortes e reels do Insta. Falando de igreja, forme uma equipe de mídia em sua igreja. Ela já existe, está lá entre os jovens e adolescentes, pois eles estão o tempo todo consumindo esse conteúdo.

As redes sociais são instrumentos que veiculam informação e desinformação muito rapidamente. Como comunicar a verdade do Evangelho em um ambiente que propaga tanta fake News?

Antes de consumir conteúdo cristão nas redes precisamos analisar as fontes e o conteúdo. Temos uma quantidade de pessoas pregando mensagens de autoajuda, e como quem ouve precisa de Deus na vida, ela vai fazer o filtro, e esse tipo de mensagem engaja muitos seguidores. Então vale a indicação, o direcionamento do Espírito Santo, o conteúdo pregado por essas pessoas e pesquise a vida de quem você está seguindo. O ideal é não seguir muitas pessoas e procurar quem prega expositivamente.

Como alguém de igreja pode iniciar o Evangelismo virtual na prática? Você teria alguma dica?

            Vamos lá. Hoje a igreja tem que estar no ambiente digital 100%. Aquela ideia de depois da EBD, você pegar os músicos, adolescentes, irmãs, não funciona. Hoje as pessoas estão em um domingo, dentro de casa com um celular na mão. Se ela for a feira, ela quer ir, comprar suas frutas e voltar para casa sem ser incomodada. Em minha opinião a evangelização na rua não funciona, se você dá um folheto da Palavra de Deus ela amassam e jogam no lixo. O que fazer então? Se a sua igreja não tem ainda uma equipe de mídia, quem mais sabe as pessoas que devem tomar parte é o líder da juventude e dos adolescentes. Faz um forms (Google Forms) e chama o pessoal que quer participar; depois chame um estrategista para consolidar essa equipe, seja presencial ou online. Instruindo essa equipe os procedimentos necessários, partimos para a prática, divulgando os eventos que estão acontecendo na igreja, como culto de jovens, EBD, culto de Missões etc. Não parece, mas é esse tipo de conteúdo simples que precisam apenas serem mostrados para o público em geral.

O futuro da igreja será realmente no metaverso? Você imagina como será a liturgia daqui a 20 anos?

O Salmo 133 nos diz que é bom e suave que os irmãos vivam em comunhão (união). Eu acredito muito no calor humano, por isso o metaverso é importante em muitos aspectos, mas nunca em um ambiente espiritual. Conheço algumas igrejas que já tem “terreno” no metaverso, mas eu como especialista digital sou totalmente contra. O metaverso potencializa ainda mais o distanciamento das pessoas. Triste realidade.