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Ainda o princípio de dores: chegando a hora da resistência

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Queríamos tratar de outros temas, mas os fatos à nossa volta não nos permitem ter outro assunto que não seja o definitivo ingresso no período que Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo denominou de princípio das dores, o que ficou evidenciado a partir do início da pandemia da COVID-19.

O Fórum Econômico Mundial, em outubro de 2019, realizou uma “simulação de uma pandemia de coronavírus”, num evento denominado Event 201 e, agora, anunciou que fará uma simulação de uma simulação a respeito de “escassez de alimentos”[1].

O secretário-geral da ONU, em março de 2021, o português Antonio Gutierres, alertou o Conselho de Segurança da organização, o seu mais importante órgão, que há um risco de uma “fome extrema e morte” no mundo[2].

Temos, então, que, segundo os prognósticos, em meio a esta peste que está a assolar o mundo, vem aí, em seguida, um aumento da fome, fome que também será generalizada, em “vários lugares”.

Este quadro outro não é senão o descrito pelo Senhor Jesus em Seu sermão escatológico, quando afirmou que o princípio das dores seria caracterizado por fomes, pestes e terremotos em vários lugares (Mt 24.7; Mc 13.8; Lc 21.11).

Quando isto estivesse acontecendo, o Senhor Jesus disse que haveria o aumento da perseguição aos Seus discípulos, que seriam entregues às autoridades, açoitados e apresentados ante as autoridades por amor de Cristo para lhes servir de testemunho (Mt 24.9; Mc 13.9; Lc 21.12).

O aumento da perseguição à Igreja é outra realidade que vemos nesses dias de pandemia.  Segundo os dados da Missão Portas Abertas, o número de cristãos perseguidos em 2020 aumentou 30%, pois hoje são perseguidos 340 milhões de cristãos contra 260 milhões em 2019, sendo que o país que mais aumentou a perseguição foi a China[3].

Em nosso país, não tem sido diferente. Desde que começaram as medidas de tentativa de contenção da pandemia, governadores e prefeitos têm mandado fechar as igrejas, impedindo os cultos presenciais, medidas estas que acabaram sendo consideradas “constitucionais” pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 811, que analisou o decreto estadual do governo paulista que tinha tomado tal atitude.

A Constituição brasileira diz que é “assegurado o livre exercício dos cultos religiosos”, mas apesar de César ter assim determinado, proibiu-se a Igreja de comparecer a seu local de culto e, conforme todos os protocolos das autoridades sanitárias, poder adorar a Deus.

Entretanto, quando vemos a descrição profética do Senhor Jesus, percebemos que, ante a perseguição, os servos do Senhor não se intimidam, simplesmente continuam a servir ao Senhor, a cumprir as Suas ordens e, diante disto, acabam sendo levados à presença das autoridades.

Quando o Sinédrio, a suprema corte judaica nos dias dos apóstolos, proibiu os apóstolos de pregarem o Evangelho (At 4.18), foram solenemente ignorados pela Igreja, que prosseguiu a Sua missão, determinada pelo seu Senhor e Salvador (Mc 16.15), e, por causa disso, foram presos, açoitados, mas, diante daqueles homens, puderam dizer em alto e bom som: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).

E por que o fizeram? Porque não é justo ouvir antes aos homens do que a Deus, porque não pode a Igreja deixar de ouvir e falar o que tem visto e ouvido (At 4.19,20).

O Senhor Jesus disse que devemos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22.21; Mc 12.17; Lc 20.25).

As autoridades são constituídas por Deus (Rm 13.1) e, por serem “autoridades”, somente podem atuar no campo em que foram “autorizadas”, ou seja, “não são terror para as boas obras, mas para as más” (Rm 13.3), jamais podendo se envolver em nosso relacionamento com Deus, pois aí, então, estarão agindo fora da autorização divina estabelecida para o governo humano.

Nenhum poder teriam as autoridades se de cima não lhes tivesse sido dada (Jo 19.11).

Por isso mesmo, os verdadeiros e genuínos discípulos do Senhor Jesus, confrontados com abusos, deverão confessar o nome do Senhor, fazer-Lhe a vontade, agradar-Lhe e não aos homens (Gl 1.10).

Foi o que fizeram Hananias, Misael e Azarias diante de Nabucodonosor (Dn 3.13-21); Daniel, diante de Dario, o medo (Dn 6.10-16); os apóstolos, diante do Sinédrio (At 5.24-29).

Ante tais medidas, não há outra atitude do discípulo de Cristo senão a resistência.

Veja que o Senhor Jesus diz que, diante da perseguição, os cristãos seriam levados perante as autoridades, ou seja, resistiriam, não aceitariam os abusos de poder e, ao assim fazerem, estariam agradando a Deus.

Sim, pois o próprio Jesus diz que, quando isto acontecer, o Espírito Santo porá as palavras que serão ditas pelos perseguidos, pelos presos e açoitados (Mc 13.11; Lc 21.14,15).

Se o Espírito Santo está com os discípulos que resistem, isto significa que o que Deus quer que façamos é, precisamente, a resistência.

Não há, portanto, outra conduta a se tomar, diante da perseguição, senão a resistência, pois só assim poderemos dar testemunho de Cristo e o Senhor nos fez Suas testemunhas (At 1.8).

Que faremos, pois, irmãos?

Negaremos o nome de Cristo, acovardar-nos-emos e, assim, ficaremos de fora da cidade santa (Ap 21.8 NAA) e o Senhor Jesus nos negará diante do Pai (Mt 10.33)?

Ou confessaremos o nome do Senhor e, assim, mostraremos que estamos dispostos a perder a vida por amor a Jesus (Mt 10.32-39)?

            A escolha é de cada um de nós.

* Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São Paulo e colaborador do Portal Escola Dominical (portalebd.org.br).


[1] Depois do polêmico Event 201, Fórum Econômico fará simulação de crise alimentar global. Disponível em: https://www.estudosnacionais.com/32079/depois-do-polemico-event-201-forum-economico-fara-simulacao-de-crise-alimentar-global/ Acesso em 13 abr. 2021.

[2] Chefe da ONU alerta para risco de ‘milhões’ de mortes pela fome. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2021/03/11/chefe-da-onu-alerta-para-risco-de-milhoes-de-mortes-pela-fome.htm

[3] Número de cristãos perseguidos no mundo aumenta 30% em 2020. Disponível em: https://noticias.r7.com/internacional/numero-de-cristaos-perseguidos-no-mundo-aumenta-30-em-2020-06042021 Acesso em 13 abr. 2021.

Caramuru Afonso

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - sede - São Paulo/SP, onde é o responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical e professor de EBD. Doutor em Direito Civil e Bacharel em Filosofia pela USP. Juiz de Direito em São Paulo