Parte I
Temos insistido no tema de que os acontecimentos nos mostram que estamos no princípio das dores, o período imediatamente anterior ao Arrebatamento da Igreja.
Ora, se é importante sabermos que vivemos este tempo, tão ou mais importante que isso é estarmos preparados, para que não sejamos surpreendidos, quando o Senhor Jesus aparecer nos ares, a fim de buscar a Sua Igreja.
Não basta saber que Jesus está chegando, faz-se mister, também, que estejamos prontos para este evento, que venhamos a ser arrebatados.
Destarte, indispensável que verifiquemos o que as Escrituras dizem a respeito daqueles que serão arrebatados, qual a condição daqueles que se encontrarão com o Senhor nos ares e estarão para sempre com Ele (1 Ts 4.17).
No mesmo sermão escatológico em que nos é dito o que aconteceria na proximidade de Sua vinda, também encontramos estas informações a respeito do que é necessário fazer para estar no grupo daqueles que escaparão da ira futura.
Na versão apresentada por Mateus, o sermão profético de Cristo contém três parábolas em que o Senhor mostra quais as características dos Seus servos que terão acesso à eterna e perfeita comunhão com o seu Senhor.
A primeira delas é a chamada parábola dos dois servos (Mt 24.45-51), em que o Senhor diz que é bem-aventurado o servo fiel e prudente que o Senhor constituiu sobre a Sua casa para dar o sustento a Seu tempo e que, quando o Senhor vier, achar servindo assim. Será este servo que será posto sobre todos os bens do Senhor.
Notamos, pois, que aquele que será arrebatado tem algumas características.
A primeira é ser “servo”, ou seja, tem a Cristo Jesus como Senhor. Servo é aquele que obedece, aquele que faz a vontade de seu Senhor, que reconhece a autoridade e a soberania do Senhor.
Para ser arrebatado, portanto, é absolutamente necessário que tenhamos a Jesus como Senhor e ter Jesus como Senhor é fazer o que Ele manda (Mt 7.21; Lc 6.46), é obedecer ao que está na Bíblia Sagrada, pois as Escrituras são as testemunhas de Jesus (Jo 5.39).
A segunda é “ser fiel”, ou seja, cumprir com os compromissos assumidos, com as tarefas que lhe foram confiadas pelo Senhor.
Aquele que faz tudo quanto o Senhor lhe mandar fazer está em condições de ser arrebatado. Lembremos, ademais, que fazer tudo quanto é mandado não é mais do que obrigação, o mínimo que se pode apresentar diante do Senhor (Lc 17.7-10).
A terceira é “ser prudente”, ou seja, agir com cautela, agir tendo conhecimento do Santo, pois a prudência é a ciência do Santo (Pv 9.10).
Ter conhecimento do Santo é ter intimidade com o Senhor Jesus, o Santo de Deus (Lc 1.35) e somente teremos intimidade com Cristo, se vivermos em santidade, se nos apartarmos da iniquidade, do pecado (Mt 7.23).
A quarta é “ser constituído sobre a casa do Senhor”, ou seja, ter sido inserido na Igreja pelo Espírito Santo (1 Co 12.12,13), ter sido convencido pelo Espírito Santo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-11), de modo que creia em Jesus Cristo como único Senhor e Salvador, reconhecendo-se pecador e se arrependendo dos pecados; reconheça que Jesus é justo e que somente podemos ser justificados, se a justiça de Cristo for imputada a nós e que o pecado gera a morte eterna, tendo os impenitentes o mesmo fim que já foi determinado ao diabo e seus anjos.
A quinta é “dar o sustento”, ou seja, comportar-se como membro do Corpo de Cristo, amando a todos os demais membros como Cristo nos amou e se dispondo a promover o crescimento espiritual e a companhia a cada um destes membros em nossa jornada conjunta rumo a Canaã celestial. Aquele que vai ser arrebatado tem consciência de seu dever como irmão e que deve contribuir para a sobrevivência espiritual de tantos quantos estão nesta peregrinação terrena aguardando a cidade celeste.
A sexta é estar “no tempo de Deus”. Não devemos nos guiar segundo o nosso tempo, mas segundo o tempo de Deus. O servo que será arrebatado está em sincronia com o Céu e, por isso mesmo, ao soar da última trombeta, está pronto para se encontrar com o Senhor nos ares, pois não perderá a oportunidade de ser atraído ao Senhor quando chegar o tempo, pois já vive no tempo do seu Senhor.
Ao revés, o mau servo, aquele que não será arrebatado, vive em outro tempo que não o tempo de Deus, tanto que diz consigo que o Senhor tarde virá (Mt 24.48).
Vivendo num tempo diferente do tempo do Senhor, não se preocupa em viver em santidade, em cumprir as suas tarefas, pois encontra algo a fazer antes de se ocupar com aquilo que foi dado fazer.
Por isso, criando prioridades para si, entra em conflito com os seus conservos, passando-os a espancá-los, deixando de viver em função deles e para o bem-estar deles, não mais os amando, mas os maltratando e lhes fazendo mal.
Como se isto fosse pouco, começa a ter comunhão com os que não são servos nem pertencem a casa de Deus, que o Senhor chama na parábola de “bêbados” ou “temulentos”, porque são pessoas embriagadas com as coisas desta vida, que não têm qualquer dimensão da eternidade, que vivem única e exclusivamente para este mundo (Mt 24.49).
O que será arrebatado não se embaraça com os negócios desta vida, a fim de agradar Àquele que o alistou para a guerra (2 Tm 2.4).
Este não notará quando o Senhor vier, será surpreendido com o Seu retorno, que se dará antes do que ele imaginava e, por conseguinte, a sua parte será com aqueles com quem se misturou, com os hipócritas, ou seja, um lugar de separação do Senhor, um lugar de morte, um lugar de pranto e ranger de dentes (Mt 24.50,51).
Qual tem sido a nossa condição?