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Os que serão arrebatados – parte 2

No artigo anterior, fizemos a análise da primeira parábola do sermão profético de Jesus no evangelho segundo Mateus, onde vimos que aquele que há de ser arrebatado deve ser um servo fiel, prudente, constituído sobre a casa do Senhor e que dá o sustento a seu tempo.

Na continuidade destes ensinamentos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo em que Ele, após ter dito o que ocorrerá na iminência do Arrebatamento da Igreja, diz quem será arrebatado, analisaremos a segunda parábola deste sermão, qual seja, a Parábola das Dez Virgens (Mt 25.1-13).

Esta parábola faz uma ligação entre o reino dos céus e o Arrebatamento da Igreja.

Começa o Senhor dizendo que o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo.

O primeiro ponto a salientar é que o Senhor toma a figura da preparação das bodas para ambientar o Seu ensinamento.

Isto nos mostra, pois, de pronto, que o período imediatamente anterior ao Arrebatamento da Igreja, o princípio das dores, é período de preparação para as bodas.

Eis mais uma demonstração de que a Igreja não passará pela Grande Tribulação, porquanto os sinais apontados pelo Senhor dizem respeito, precisamente, à preparação para as bodas, quando, e precisamos para entender esta parábola ter sempre em mente o cerimonial de casamento nos dias de Jesus, a noiva era levada para outro local, a sua nova casa, preparada pelo noivo, casa essa cuja construção era uma das condições assumidas no momento em que ocorria o desposório, ou seja, a promessa de casamento (cf. Mt 1.18).

O Senhor Jesus disse aos discípulos que iria preparar um lugar para eles e que retornaria para levá-los, a fim de que eles para sempre estivessem com Ele (Jo 14.2,3) e esta é a esperança de todo cristão, como deixam claro os apóstolos (Fp 3.20; 1 Ts 1.10; 1 Pe 1.3,4; 1 Jo 3.1-3).

A parábola fala, portanto, de preparação, tanto que a ênfase é dada às virgens e não à noiva, que é, podemos dizer, a grande ausente da parábola.

As virgens eram amigas da noiva que, ao pôr-do-sol do dia das bodas, acompanhavam a noiva da casa de seu pai até a casa do noivo que ele edificara para ser o lar conjugal.

As virgens, portanto, faziam o mesmo caminho da noiva, da casa do seu pai até o seu novo lar, e como isto se dava ao pôr-do-sol, deveriam elas estar com lâmpadas para poderem iluminar o caminho a ser percorrido, acompanhando a noiva, que era levada pelo noivo até sua nova residência.

As virgens não são a noiva, evidentemente, mas compartilhavam do mesmo caminho da noiva, iam para o mesmo lugar a que era guiada a noiva e, portanto, vemos que o Senhor Jesus está a nos ensinar o que fazer para fazermos parte deste destino, em suma, o que fazer para alcançarmos o livramento da ira futura, para participarmos do Arrebatamento, que é o evento que dá início à vida eterna, à comunhão perfeita entre Cristo e Sua Igreja.

As virgens precisavam das lâmpadas para poderem fazer o trajeto até a nova casa da noiva e lá entrarem e estas lâmpadas precisavam estar acesas, a fim de que elas pudessem caminhar até lá.

Todos esperavam que o noivo viesse ao pôr-do-sol, ou seja, por volta das seis horas da tarde, no início da noite.

Pois bem, Jesus, então, faz uma distinção entre estas dez virgens. Chama cinco de prudentes e cinco de loucas. Qual a diferença entre elas? É que as prudentes levaram azeite consigo, ou seja, estavam preparadas para que, em havendo algum imprevisto, não fossem surpreendidas e viessem a ter falta de combustível para as suas lâmpadas.

As virgens prudentes, a exemplo do servo fiel e prudente, tiveram a humildade de reconhecer que era o noivo quem vinha buscar a noiva e, portanto, era ele quem determinaria qual o horário em que viria retirá-la, de modo que se acautelaram, para que não tivessem necessidade de combustível para as lâmpadas no instante em que tivessem de ir até a nova casa da noiva.

As virgens loucas não tiveram este cuidado. Achavam que o noivo viria no tempo costumeiro, definiram, por si mesmas, a que tempo ele chegaria e, desta maneira, não se preocuparam em ter uma “reserva de azeite”.

Esta “reserva de azeite” é, por muitos, considerada como símbolo da comunhão que devemos ter com o Espírito Santo, enquanto aguardamos o Senhor Jesus, o Noivo da Igreja.

O azeite, normalmente, é símbolo do Espírito Santo nas Escrituras e, por causa disso, é quase que automático vincular-se este dado da parábola à presença do Espírito na vida daquele que está esperando o Senhor.

Alguns entendem que Cristo está apenas falando de vigilância e que a “reserva de azeite” indicaria tão-somente o cuidado e a atenção na espera do noivo, não falando necessariamente do Espírito Santo.

De qualquer maneira, tem-se que para alguém ter cuidado e atenção às promessas de Cristo Jesus necessariamente é alguém que é guiado pelo Espírito Santo, que dá plena liberdade de atuação ao Espírito Santo que nele está, porquanto é o Espírito quem glorifica o Filho, quem nos guia em toda a verdade, quem nos faz lembrar tudo quanto o Senhor Jesus disse, quem nos ensina todas as coisas  e que testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Jo 14.26; 16.13,14; Rm 8.16).

Diante de tais circunstâncias, ter a “reserva de azeite” é mesmo estar em uma “fina sintonia” com o Espírito Santo, é ter intimidade com o Espírito Santo, é estar cheio do Espírito.

O noivo não veio às seis horas da tarde, como se esperava, mas tardou (Mt 25.5) e, com esta demora, todas as virgens tosquenejaram, foram vencidas pelo cansaço.

À meia-noite, ou seja, seis horas depois do que normalmente ocorria, o noivo chegou e, então, evidentemente, todas as lâmpadas estavam se apagando, mas as virgens prudentes tinham azeite e puseram nas lâmpadas, de modo que a demora em nada atrapalhou os preparativos para a jornada até a nova casa da noiva.

Não foi o que ocorreu com as virgens loucas, que não tinham azeite e, portanto, não podiam fazer o trajeto para a casa edificada e preparada pelo noivo.

Pediram que as virgens prudentes lhe dessem azeite, mas, como as virgens eram prudentes, disseram que não poderiam fazê-lo, pois, em sendo assim, não haveria azeite nem para elas nem para si mesmas.

As virgens loucas, então, foram procurar quem vendesse o azeite a elas, mas, nesse meio tempo, o noivo chegou e as virgens prudentes foram, junto com a noiva, para a nova casa, tendo a porta se fechado, não podendo as virgens loucas, depois, lá entrar.

Para que não sejamos surpreendidos com a chegada do Noivo, cuja hora não temos como saber, é necessário que tenhamos a “reserva de azeite”, que tomemos todas as medidas necessárias, para que estejamos em condições de entrar na casa preparada pelo noivo.

Quando o Senhor disse que iria nos preparar lugar, disse que deveríamos crer em Deus e também n’Ele (Jo 14.1). A entrada a esta graça se dá pela fé.

As moradas são na casa do Pai e, portanto, para que lá possamos entrar, temos de ser filhos e, como já dissemos, para ser filhos precisamos ter o Espírito Santo em nós.

A casa preparada por Jesus é onde Ele já está, ou seja, à direita do Pai, nos céus, um lugar onde não entra pecado.

Por isso, para lá entrarmos, mister se faz que estejamos em santidade. Será que temos “reserva de azeite”?

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São Paulo/SP e colaborador do Portal Escola Dominical (portalebd.org.br).

Caramuru Afonso

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - sede - São Paulo/SP, onde é o responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical e professor de EBD. Doutor em Direito Civil e Bacharel em Filosofia pela USP. Juiz de Direito em São Paulo