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Como se livrar da ira divina?

Imagem de 3D Animation Production Company por Pixabay

Entendem muitos que o primeiro livro do Novo Testamento é a primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses. No introito destas primeiras páginas inspiradas pelo Espírito Santo após a obra redentora de Cristo Jesus, o apóstolo apresenta uma síntese da vida cristã sobre a face da Terra.

Diz o apóstolo que os tessalonicenses, após a pregação do Evangelho, “converteram-se dos ídolos a Deus para servir o Deus vivo e verdadeiro e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus que nos livra da ira futura” (1 Ts 1.9,10).

Vemos, pois, que a vida cristã se caracteriza pela conversão, pelo serviço e pela esperança da vinda de Cristo, com o nítido objetivo de nos livrar da ira futura, ou seja, tem-se aqui a confirmação de que a Igreja é poupada da ira de Deus, que será o período da Grande Tribulação (Cf. Ap 6.16,17).

Deste modo, vemos que, para não sofrermos esta ira, faz-se necessário que creiamos em Jesus como nosso Senhor e Salvador, que O sirvamos enquanto estamos neste mundo, vivendo aqui sóbria, justa e piamente, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, aguardando a manifestação a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo (Cf. Tt 2.12,13).

Este tríplice aspecto da vida cristã, que foi sintetizado logo nos primeiros momentos em que o Espírito Santo inspira os servos de Jesus para a redação das Escrituras Sagradas na sua última porção, o Novo Testamento, não pode ser perdido de vista por aqueles que estão vivendo precisamente os tempos imediatamente anteriores a esta manifestação gloriosa de Jesus Cristo, ao Arrebatamento da Igreja.

Em primeiro lugar, temos de ter a certeza de que a salvação é a conversão dos ídolos a Deus, ou seja, o abandono da vida pecaminosa, a separação do mundo, a mudança de comportamento.

Não há como nos livrarmos da ira futura se não abandonarmos o pecado como “modus vivendi”. Temos de confessar os nossos pecados e deixá-los, para alcançar a misericórdia divina (Pv 28.13).

Muitos, na atualidade, têm procurado manter a sua vida pecaminosa e, mesmo assim, achar que podem alcançar o livramento da ira futura. Vivem misturados com o pecado, não o abandonam, não querem sofrer a sã doutrina, “… mas tendo comichão nos ouvidos, amontoam para si doutores conforme as suas próprias concupiscências e desviam os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (Cf. 2 Tm 4.3,4).

Precisamos nos esforçar para termos uma vida de santidade, vivermos separados do pecado, apesar de todos os discursos e ensinos contrários que têm surgido com cada vez maior intensidade, pois, sem a santificação, ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). Quem realmente tem a esperança de ser arrebatado por Jesus precisa se purificar a si mesmo (1 Jo 3.3).

Mas, a vida cristã não está apenas voltada para a conversão a Deus. O apóstolo disse que os tessalonicenses, após terem se convertido dos ídolos a Deus, passaram a servir ao Deus vivo e verdadeiro.

A vida cristã é uma vida de serviço a Deus. O salvo é servo de Deus e, como tal, tem tarefas a cumprir, tem trabalho a fazer. O Senhor disse que, quando vier, espera encontrar o servo servindo e servindo com fidelidade e prudência (Mt 24.45,46).

Não se pode, pois, se se quer escapar da ira divina, ter-se uma vida ociosa, sem que faça algo para a realização da obra de Deus que é, em suma, a pregação do Evangelho aos incrédulos (Mt 28.19,20; Mc 16.15) e a edificação espiritual dos crentes (Ef 4.11-16).

O Senhor pôs diante de nós uma porta aberta (Ap 3.8) e nós devemos nela entrar, levando a mensagem do Evangelho aos que ainda não creem em Jesus e contribuindo para que os crentes sejam edificados em amor, perseverem na salvação até o dia da vinda de Jesus.

Infelizmente, porém, muitos estão acomodados, completamente inertes na obra do Senhor e se comportam como o mau servo que, acreditando que o Senhor tarde viria, deixou de cumprir as suas tarefas, passou a espancar os seus conservos e acabou entrando em comunhão com os bêbados, ou seja, com aqueles que vivem de acordo com este mundo (Cf. Mt 24.48,49).

Quem abandona o serviço, como nos ensina o Senhor nesta parábola, fá-lo porque não tem mais a esperança da volta do Senhor, despreocupa-se, então, com a sua pureza, com a sua santidade e o resultado disso é passar a menosprezar, a desprezar e a prejudicar os servos de Deus, porque não tem mais o mesmo foco deles, bem como a se aproximar e a entrar em comunhão com os incrédulos, porque passa a ter uma visão absolutamente terrena da existência.

Por falar em bêbados, lembramos da profecia que Isaías proferiu ao reino do Norte, quando da iminência do cativeiro da Assíria, quando o profeta lamentou a “coroa de soberba dos bêbados de Efraim, cujo glorioso ornamento é como a flor que cai, que está sobre a cabeça do fértil vale dos vencidos do vinho” (Is 28.1).

Esta “coroa de soberba dos bêbados de Efraim” seria pisada aos pés por um homem valente e poderoso que seria mandado pelo Senhor (Is 28.2,3), que era o rei da Assíria que destruiu o reino do Norte, o reino das dez tribos.

Nesta profecia, o Senhor deixa bem claro que a opção pela embriaguez, que nada mais é que a opção pelo mundo, por uma vida que leva em conta apenas as coisas desta vida (por isso o apóstolo diz que não devemos nos embriagar com vinho mas nos encher do Espírito – Ef 5.18), é uma escolha que fará com que a pessoa seja alcançada pela ira divina, pois para estes, o Senhor será “espírito de juízo” (Is 28.5), uma “saraiva que varrerá o refúgio da mentira, águas que cobrirão o esconderijo e um dilúvio de açoite que os oprimirá” (Is 28.17,18).

A primeira característica destes “bêbados” é a “soberba”. A soberba nada mais é que o completo desprezo a Deus, é a atitude decorrente da crença na mentira satânica contada ao primeiro casal no Éden de que podemos ser iguais a Deus, sabendo o bem e o mal (Gn 3.5). É o sentimento de independência em relação a Deus, precisamente o mesmo pecado cometido por Satanás (Ez 14.13,14).

Estes soberbos terão o mesmo destino do diabo, ou seja, serão lançados no inferno (Is 14.15), o lago de fogo e enxofre, preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25.41; Ap 20.15), a consumação da ira divina.

Os bêbados, diz o Senhor, “andam errados na visão e tropeçam no juízo” (Is 28.7). Quem deixa de buscar a Deus, quem passa a ser atraído pelas coisas desta vida, perde a visão celestial, das coisas divinas, das coisas que são de cima (Cl 3.1-3) e acaba por descumprir a Palavra de Deus, e o Senhor Jesus passa a ser, então, a pedra de tropeço e rocha de escândalo que leva à perdição destas pessoas (Cf. 1 Pe 2.7,8).

Estes bêbados, diz o profeta, em primeiro lugar, têm suas mesas cheias de vômitos e imundícia, não há nenhum lugar limpo (Is 28.8).

Vemos aqui como a busca pelo prazer e pela felicidade nas coisas desta vida faz com que a pessoa se contamine com o pecado, passe a ter uma vida pecaminosa. O mau servo da parábola de Jesus comia e bebia com os bêbados (Mt 24.49), ou seja, tinha comunhão com os incrédulos, com os mundanos, compartilhava da mesma maneira de viver deles.

É exatamente o que ocorre com a “coroa dos bêbados de Efraim”, que compartilham a sua maneira de viver com as dos pecadores, com a dos iníquos. São imundos, suas mesas estão cheias de vômitos e imundícia. Para eles, a Palavra de Deus, que nos santifica (Jo 17.17), é apenas “mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra e mais regra, um pouco aqui, um pouco ali” (Is 28.13).

Tomemos muito cuidado com aqueles que querem “libertar os crentes do duro jugo”, que proclamam “liberdade”, considerando muito pesado e até “retrógrado” ou “fanático” seguir o que diz a Bíblia Sagrada, o que ensina a sã doutrina.

Estas pessoas que prometem liberdade, como diz o apóstolo Pedro, são “servos da corrupção”, tendo retornado a se envolver e a ser vencidos pelas corrupções do mundo, estando num estado espiritual pior de quando ainda eram incrédulos (2 Pe 2.19,20).

Por não quererem ouvir a Palavra de Deus, tais pessoas fazem concerto com a morte e com o inferno, passando a pôr a mentira como seu refúgio e a viver debaixo da falsidade (Is 28.15).

Evidentemente, quem passa a se guiar pela mentira e pela falsidade está completamente separado de Deus, que é a verdade (Jr 10.10). O diabo é o pai da mentira (Jo 8.44) e ele nada tem em Cristo (Jo 14.30). Os bêbados, portanto, nada mais são que filhos do diabo (1 Jo 3.8-10).

O profeta denunciava que a “coroa dos bêbados de Efraim” esperava, ao fazer tal concerto com a morte e com o inferno, escapar da ira divina, mas, bem ao contrário, por terem escolhido este caminho, serão alcançados pelo juízo divino, pois a pedra assentada em Sião, que é o Senhor Jesus, há de julgá-los e eles não escaparão da saraiva, das águas e do dilúvio do açoite que sobrevirá aos impenitentes (Is 28.17,18).

Os restantes do povo de Deus, entretanto, terão ao Senhor por coroa gloriosa e por grinalda formosa (Is 28.5) e serão devidamente poupados da ira divina.

E, assim, chegamos ao terceiro aspecto da vida cristã: a esperança da volta de Jesus para nos livrar da ira futura.

Quem está esperando Jesus, purifica-se a si mesmo (1 Jo 3.3).

Quem está aguardando Jesus tem uma vida de santificação, procura viver separado do pecado e separado para Deus e, portanto, mantém uma vida de santidade e uma vida de serviço ao seu Senhor, sabendo que Ele pode voltar a qualquer momento e que ele tem de estar pronto para ser arrebatado.

Para estes que são obedientes à Palavra de Deus, que são tementes a Cristo, o Senhor Jesus é a pedra principal da esquina, eleita e preciosa e que não permite a confusão daquele que nela crê (1 Pe 1.6).

São aqueles, como diz Pedro, que deixam toda malícia, todo engano, fingimentos, invejas e todas as murmurações, desejando afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vão crescendo (1 Pe 2.1,2), crescimento que os leva a se alimentar, então, do sólido mantimento, destinado aos perfeitos, aos que têm seus sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal (Hb 5.14).

São aqueles que pensam nas coisas que são de cima, que estão mortos para o mundo e cuja vida está escondida com Cristo em Deus (Cl 3.1-3).

São aqueles que guardam a Palavra de Deus e que, por isso mesmo, serão guardados da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam sobre a Terra (Ap 3.10).

São aqueles que creem no Filho e que, por isso, têm a vida eterna, pois aqueles que não creem no Filho não verão a vida, mas a ira de Deus sobre eles permanece (Jo 3.36).

Queremos nos livrar da ira futura? Creiamos em Jesus, mantenhamo-nos separados do pecado, sirvamos a Deus, observemos a Sua Palavra e, na hora que a ira de Deus estiver para descer sobre este mundo, Jesus nos arrebatará e nos fará viver para sempre com Ele. Amém!

Caramuru Afonso

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - sede - São Paulo/SP, onde é o responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical e professor de EBD. Doutor em Direito Civil e Bacharel em Filosofia pela USP. Juiz de Direito em São Paulo