Há algumas semanas iniciamos uma reflexão sobre a importância da cultura no contexto da evangelização e, para continuidade do assunto, conseguimos contato com uma família missionária na Bolívia.
É muito importante pensarmos e acompanharmos o trabalho missionário, de maneira que as experiências e testemunhos dos nossos irmãos sejam considerados e sirvam de encorajamento para todos os que amam missões.
E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o Evangelho a todas as pessoas” (Marcos 16.15).
A família que estabelecemos contato reside na região da Vila Tunari, que faz parte da província de Chapare, localizada na região das florestas tropicais. Seu clima é quente/úmido e chuvoso, característica marcante das áreas de planície amazônica.

Nossa querida irmã e missionária Luiza relatou que durante esses dois anos em que estão fazendo o trabalho missionário, os desafios são grandes, mas a graça de Deus tem acompanhado essa família e a Palavra de Deus está sendo pregada.
Como já discutimos na primeira parte desta série de artigos, a cultura é elemento de suma importância para o êxito na missão em levar o amor de Cristo. A missionaria relatou que há um sincretismo no cotidiano dos povos bolivianos. O xamanismo foi “instituído” como religião oficial do país, com o objetivo de preservar as religiões tradicionais, além de cultos às santas e padroeiras; e, segundo relatos da missionária, trata-se de uma constante criação de novas padroeiras com o objetivo de conduzir a população local à idolatria.
Estamos cientes que a dureza de coração é capaz de impedir o homem de reconhecer o Senhor Jesus como único capaz de salvá-lo, e este povo possui na sua maioria insensibilidade de reconhecer esta verdade.
Além desta prática de difícil entendimento, que, para a comunidade local, os cultos e oferendas aos mortos não trazem consigo nenhum milagre, as santas são imagens estáticas, mas Jesus é poderoso para perdoar os pecados e salvar.
Ela nos relatou que eles não compreendem com facilidade o amor e a misericórdia de Deus, Mais uma vez, a compreensão da mentalidade e do imaginário serão de suma importância, algo que discutimos anteriormente.
Um dos relatos mais marcantes que a missionária Luísa nos trouxe, foi que durante o período de isolamento da pandemia, eles não tinham autorização para circular pela cidade; e nesse momento os militares estavam sempre em operações pelas ruas fiscalizando a população. Certo dia, numa destas operações uma sargento com sua equipe parou para se abrigar em frente à sua casa, debaixo da cobertura na parte frontal e externa (na região da Vila Tunari, chove muito, nos contou a missionária). Naquele momento irmã Luisa e seu esposo ofereceram uma garrafa de café aos policiais, e, assim, iniciaram a conversa e começaram a falar do amor de Deus para aqueles soldados. As almas estavam sedentas; eles voltaram lá e essa sargento passou a fazer suas rondas com mais frequência na área onde a irmã Luisa mora, levando consigo sempre um colega. Deus tinha algo para a vida daquela mulher; a sua Palavra foi pregada e o nome do Senhor foi glorificado mesmo que por entre o portão e a rua. A semente foi plantada nos corações.
“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1.8).
A querida irmã missionária Luísa que, apesar das barreias acima citadas, Deus deu-lhe a estratégia de fazer um trabalho de evangelização através das crianças, e que, através dos pequeninos, a salvação tem sido anunciada aos pais. O resultado é que em sua garagem há uma congregação com membros e visitantes que levam seus filhos para cultuar ao Senhor.
No texto anterior discutimos a importância da estratégia vinda do alto, independente de cultura ou qualquer outra coisa. Vejam que a estratégia adotada aqui é alcançar o coração das crianças. Aleluia! Deles é o Reino dos céus.
E o que dizer da situação de isolamento e, através de uma garrafa de café, os missionários conseguiram abertura para falar da Palavra de Deus?
Percebam que capacitação e conhecimento da cultura é importante, sim! Mas a estratégia vem do alto e abre caminhos onde não há possibilidade para a pregação do Evangelho.
Os relatos aqui são para mostrar os desafios do trabalho missionário; jamais vitimizar. Mas lhe fazer enxergar que precisamos constantemente cobrir nossos irmãos de oração no campo, dar-lhes de beber e comer, e pedir a Deus que os corações sejam quebrantados, ao receberem a Palavra do Senhor.