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O DECLÍNIO DO AVIVAMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL

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Parte 1

O DECLÍNIO DO AVIVAMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL – PRIMEIRA PARTE

Muitos têm se perguntado como se prossegue dizendo que estamos a viver o “avivamento pentecostal”, considerando-o como a “chuva serôdia” do “ano aceitável do Senhor”, ou seja, o último avivamento antes do arrebatamento da Igreja e o término da dispensação da graça.

Tais pessoas, ao verem a lamentável situação espiritual em que se encontra a Europa, onde houve grandes focos do avivamento pentecostal quando ele se iniciou no início do século XX, como na Suécia, Noruega e País de Gales, ou os Estados Unidos da América, onde tivemos os eventos ocorridos na rua Azusa, em Los Angeles, podem entender que já acabou o tal “avivamento pentecostal” e que, portanto, não cabe mais nele falar.

Entretanto, não podemos assim pensar. O “avivamento pentecostal” é um avivamento diferenciado na história da Igreja, daí porque dizemos corresponder ele à “chuva serôdia do ano aceitável do Senhor”.

Como sabemos, o “ano aceitável do Senhor” é, nas palavras do próprio Senhor Jesus, o tempo em que é anunciada a salvação na pessoa do Cristo, do Messias (Lc.4:18-21).

O Ungido veio pregar e trazer a salvação para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt.15:24), mas elas não O receberam (Jo.1:12) e, então, o Servo do Senhor iniciou o Seu trabalho de produzir juízo entre os gentios (Is.42:1), levar a Sua doutrina às ilhas (Is.42:4), ser luz dos gentios, ser a salvação do Senhor até a extremidade da Terra (Is.49:6).

Assim é que edificou a Sua Igreja (Mt.16:18) para que ela prosseguisse a pregação do Evangelho e o ensino da sã doutrina (Mt.28:19,20; Mc.16:15; At.26:16-18; I Pe.2:9,10) e, ao longo dos anos, necessário se faz, seja pela imperfeição humana, seja pelo desgaste da luta espiritual, que o Senhor avive a Sua obra no meio dos anos (Hc.3:2).

Por isso, a história da Igreja, assim como foi a história de Israel, é marcada por períodos de avivamento, durante este “ano aceitável do Senhor”, que é figurado pelo calendário judaico, quando o Senhor estabeleceu festividades no chamado “ano religioso”, que tem início na Páscoa, no mês primeiro e vai até a Festa dos Tabernáculos, no mês sétimo (Ex.23:14,17; 34:23).

A Páscoa, quando se tem a primeira festividade deste “ano aceitável do Senhor” fala da morte de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, do Seu sacrifício que nos proporcionou a salvação.

Após a Páscoa, havia a “oferta das primícias” (Lv.23:11), que nos fala da ressurreição do Senhor Jesus, “as primícias dos que dormem” (I Co.15:20). Em seguida, havia a Festa das Semanas ou, em grego, a Festa de Pentecostes, quando se agradecia a Deus pelo início da colheita e também pela entrega da lei ao povo, que se deu cinquenta dias depois da Páscoa.

Pentecostes representou o início da colheita de almas pela Igreja e, nesta época do ano, há a primeira estação chuvosa, a “chuva temporã”, que prepara a terra para a semeadura, na primavera, e que correspondeu ao primeiro avivamento da história da Igreja, o “avivamento apostólico” ou “avivamento da igreja primitiva”, que perdurou até por volta dos anos 70, 80.

Após o Pentecostes, a próxima festividade era a “festa das trombetas”, o chamado “Ano Novo Judaico” (“Rosh Hashanah”), porque é a data em que se inicia o ano civil, que ocorria no primeiro dia do mês sétimo (Nm.29:1), onde são tocadas “trombetas” (Sl.81:3), pois é dia de jubilação, ou seja, de agradecimento e gratidão a Deus.

Tal festa fala, portanto, do arrebatamento da Igreja, quando a trombeta soará e toda a Igreja se encontrará com o Senhor Jesus nos ares (I Ts.4:16,17), celebrando a vitória de todos sobre o mal e a glorificação, que é a consumação da nossa salvação (Rm.8:30; I Jo.3:2; Ap.12:10-12).

Esta festividade ocorre em outra estação chuvosa, a “chuva serôdia”, quando a terra era preparada para a colheita daquilo que se semeou na outra estação chuvosa.

Assim, vemos, pela tipologia, que há uma outra “estação chuvosa” antes do arrebatamento e, portanto, um avivamento que é o mais longo e amplo da história da Igreja, que é o avivamento pentecostal.

O avivamento apostólico esteve presente em todo o Império Romano e há menção de tradições de que a pregação do Evangelho, nos tempos dos apóstolos, tenha, inclusive, atravessado as fronteiras romanas, pois Tomé teria pregado entre os partos, que foi o primeiro povo a resistir à dominação romana, como também na Índia e há, mesmo, quem afirme que tenha vindo a América.

O avivamento pentecostal, de igual maneira, iniciou-se simultaneamente, a partir da segunda metade do século XIX, em várias partes do mundo, como na Rússia, Armênia, Escandinávia, Estados Unidos, País de Gales, tendo se espraiado por todos os países do mundo.

Assim, de modo ininterrupto, o “fogo do Espírito Santo” tem se espalhado por todos os continentes e, se hoje é inegável que temos evidente predomínio da apostasia espiritual na Europa e Estados Unidos, já com grandes reflexos no Brasil, não é menos verdadeiro que há verdadeiros despertamentos espirituais na China e em países como Irã e Paquistão, na atualidade, de modo que o avivamento pentecostal perdura, e perdurará até o arrebatamento da Igreja, que tão próximo está de ocorrer, pois o arrebatamento não virá enquanto não se pregar o evangelho a todas as nações (Mc.13:10).

Visto, então, como podemos dizer, claramente, que ainda estamos no avivamento pentecostal, sabendo que, no Brasil, estamos num momento de perigosa letargia espiritual, que nos está a levar para o mesmo estado em que já estão Europa e Estados Unidos, é momento de refletirmos sobre o declínio do pentecostalismo entre nós, a partir da sucinta e extremamente lúcida análise feita pelo pastor José Gonçalves da Costa Gomes, presidente das Assembleias de Deus em Água Branca/PI, comentarista das Lições Bíblicas da CPAD e membro da Comissão de Apologética da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).

Eis a mui feliz análise deste grande estudioso das Escrituras: “O pentecostalismo começou como um movimento periférico que, graças ao poder do Espírito Santo e ao forte comprometimento de seus líderes fundadores, conquistou relevância, reconhecimento e prestígio. Contudo, aquilo que foi conquistado por força de intervenções sobrenaturais e muitas lágrimas derramadas dá sinais de arrefecimento e esvaziamento. A meu ver, na base desse esfriamento estão o secularismo e consumismo que transformaram igrejas em casas de shows e entretenimento; o institucionalismo, que fomentou disputas por espaço e poder, transformando algumas Convenções em verdadeiras Prefeituras; e o afrouxamento ético e doutrinário, que mundanizou muitas igrejas e as converteu em meros clubes sociais. Fica o alerta bíblico: ‘Não apagueis o Espírito’ (I Ts.5:19).”

Com base nesta sintética e completa afirmação deste grande homem de Deus, verifiquemos o declínio do pentecostalismo em nosso país e como podemos senão reverter, resistir a esta tendência até a volta de Nosso Senhor e Salvador.

É o que iniciaremos a fazer na próxima parte deste artigo.

Caramuru Afonso

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - sede - São Paulo/SP, onde é o responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical e professor de EBD. Doutor em Direito Civil e Bacharel em Filosofia pela USP. Juiz de Direito em São Paulo