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Os que serão arrebatados – parte 5

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Tendo visto o que o Senhor Jesus diz, em Seu sermão profético a respeito das características daqueles que serão arrebatados, bem como o que consta nas epístolas, resta-nos agora verificar o que o Senhor Jesus fala a respeito do tema nas cartas que Ele mandou o apóstolo João redigir para as sete igrejas da Ásia Menor e que se encontram registradas nos capítulos 2 e 3 do livro do Apocalipse.

Tem-se entendido que estas sete igrejas, a uma, representam a realidade completa das igrejas locais existentes ao longo das gerações, mostrando o perfil daqueles que se reúnem dizendo professar o nome de Cristo e, a duas, descrevem os seis períodos da história da Igreja, desde o dia de Pentecostes até o arrebatamento.

Estas cartas possuem a mesma estrutura: dirigem-se ao anjo da igreja, ou seja, ao pastor responsável pela igreja local e traz uma descrição de um dos aspectos da visão do Cristo glorificado que o apóstolo João teve na ilha de Patmos, a nos mostrar que o remetente da carta é Nosso Senhor e Salvador, a Cabeça da Igreja, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Segue-se, então, uma descrição daquilo que o Senhor contempla na Igreja, por meio da expressão “Eu sei as tuas obras”, a indicar que Cristo é sabedor de tudo o que se passa na igreja local. Esta constatação parte sempre de um enaltecimento e apresenta, posteriormente, um senão, uma censura, uma repreensão.

O Senhor, então, traz uma solução para a situação desagradável por Ele apontada e, após uma advertência repetida em todas as cartas, para que se ouça o que o Espírito diz às igrejas, termina com uma promessa aos que vencerem.

Nota-se, portanto, que, ao apontar o que Lhe agrada e o que Lhe desagrada em cada igreja, o Senhor Jesus, também, nos mostra o que fará com que alguém seja, ou não, arrebatado naquele dia, pois somente os que estiverem a fazer aquilo que agrada ao Senhor será arrebatado, como, aliás, já tivemos oportunidade de dizer ao analisar o texto de Hebreus11.5.

A primeira igreja é a igreja de Éfeso, a segunda cidade do Império Romano naquele tempo.

O Senhor Jesus enaltece as obras, o trabalho, a paciência, a autenticidade doutrinária, o esforço incansável, mas censura que ela havia deixado o primeiro amor e determina que ela se lembrasse de onde tinha caído e voltasse a praticar as primeiras obras, caso não quisesse perder a sua posição (Ap 2.2-5).

Vemos, portanto, que, para ser arrebatado, é necessário que sejam diligentes na obra do Senhor, trabalhadores incansáveis em prol da salvação das almas e do aperfeiçoamento dos santos, mas sem deixar o primeiro amor.

Deixar o primeiro amor é deixar o fervor espiritual, aquela disposição que nos vem de forma intensa quando cremos em Cristo, aquele desejo ardente de estar sempre servindo ao Senhor, o fazer as coisas para Deus de coração e de boa vontade, não por força de circunstâncias sociais, eclesiásticas ou mesmo por ser conveniente aos nossos interesses.

Paulo afirma que louvava os crentes de Roma por terem obedecido de coração à forma de doutrina a que foram entregues (Rm 6.17) e esta obediência de coração jamais pode desaparecer de nossa vida.

Quem deixa o primeiro amor, mesmo que seja laborioso na obra de Deus, não será arrebatado, porque o importante é fazermos tudo o que fizermos por amor a Cristo, não por obrigação ou necessidade.

A segunda carta é para a igreja de Esmirna, uma carta onde não há censura, mas apenas enaltecimento.

O Senhor Jesus diz que sabia da tribulação e pobreza daquela igreja e da blasfêmia da sinagoga de Satanás, mas encoraja aquela igreja a respeito do sofrimento que teriam, inclusive, com a prisão e morte deles, mas conclama a que fosse fiel até a morte (Ap 2.9,10).

Vê-se, aqui, mais uma vez, neste tema dos que serão arrebatados, a necessidade da fidelidade até a morte, da perseverança até o fim, pois só assim se terá condições de alcançar a glorificação.

Mesmo em meio às perseguições e até a perda da morte física, quem quiser ser arrebatado precisa ser fiel ao Senhor Jesus.

Nossos dias assemelham-se muito aos dias vividos pela igreja de Esmirna, são dias de perseguição feroz contra os servos do Senhor Jesus Cristo, dias em que muitos, por sua fidelidade ao Salvador, enfrentam sofrimentos, tribulações e padecem necessidades, pois têm seus bens confiscados, são impedidos de ter uma vida social, são cerceados em todos os seus direitos.

É indispensável que, apesar de tudo isto, mantenham nossa fidelidade ao Senhor, ainda que, por causa disso, venhamos a perder a nossa vida física, pois não devemos temer quem pode matar o corpo, mas, sim, Aquele que, por ter todo o poder no Céu e na Terra (Mt 28.18), pode lançar no inferno a alma e o corpo (Mt 10.28) e não ser arrebatado é um forte indício que é isto que lhe acontecerá. Que Deus nos guarde!

A terceira carta é para a igreja de Pérgamo, cidade que havia se tornado a sede dos cultos babilônicos, depois da queda de Babilônia e que, por isso mesmo, foi chamada pelo Senhor de “trono de Satanás”.

Cristo Jesus enaltece o fato de, no “trono de Satanás”, a igreja ter retido e não negado o Seu nome, inclusive fazendo menção do martírio de Antipas, mas censura o fato de alguns seguirem a doutrina de Balaão e, também, dos nicolaítas, conclamando a que estes se arrependessem antes que o Senhor viesse a eles e batalhasse contra eles com a espada da Sua boca (Ap 2.13-16).

Para ser arrebatado é mister que, em meio a este mundo, que está no maligno (1 Jo 5.19), não neguemos, mas retenhamos o nome de Jesus, não seguindo a doutrina de Balaão nem a dos nicolaítas.

Não negar e reter o nome de Jesus nada mais é que confessá-l’O, ou seja, é assumir que somos cristãos, que servimos a nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo; portanto, fazer única e exclusivamente aquilo que Lhe agrada, obedecer de coração à doutrina.

Isto significa estar disposto, inclusive, a morrer por causa da fé em Jesus Cristo, negando-se a tomar qualquer atitude que venha a contrariar o que nos diz a Palavra de Deus. Por isso, aliás, o Senhor lembra Antipas, um membro desta igreja, que morrera por reter a sua fidelidade.

A doutrina de Balaão é, precisamente, a negação desta atitude de fidelidade. Balaão era um profeta que, por desejar receber os presentes que lhe prometera o rei de Moabe, Balaque, mesmo sabendo que Israel era o povo de Deus, aceitou amaldiçoar os israelitas em troca das vantagens que lhe foram oferecidas (Nm 22-24) e, não conseguindo amaldiçoar Israel, dá conselhos a Balaque para que induzisse os israelitas a pecar, quando, então, entendia este profeta mercenário, o povo, pelo seu próprio pecado, perderia a bênção de Deus (Nm 31.16).

Os nicolaítas eram seguidores de um certo Nicolau (que alguns identificam como tendo sido um dos diáconos da igreja de Jerusalém – Atos 6.5 –, que teria se desviado espiritualmente) que defendia que não havia qualquer problema com os pecados contra o próprio corpo, porque Deus teria interesse apenas na alma e espírito das pessoas, sendo, pois, também, defensores da prática de alguns pecados, exatamente o que ensinam aqueles que dizem, atualmente, que “Deus só quer o coração”.

Nota-se, pois, que, para ser arrebatado, é preciso que sejamos intolerantes com o pecado, que não permitam qualquer prática pecaminosa, mesmo diante da pressão do mundo, mesmo diante da perseguição e até da ameaça de morte. Quem flexibilizar a santificação, certamente não verá o Senhor nos ares naquele dia que tanto aguardamos (Hb 12.14).

* Pastor auxiliar da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São Paulo/SP e colaborador do Portal Escola Dominical (portalebd.org.br).

Caramuru Afonso

Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - sede - São Paulo/SP, onde é o responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical e professor de EBD. Doutor em Direito Civil e Bacharel em Filosofia pela USP. Juiz de Direito em São Paulo