AD Belém SP Notícias

Férias, pra que te quero?

Pixabay

Histórias reais de pessoas comuns que tiraram férias extraordinárias, doando-as para Deus

Praia ou campo? Nordeste ou Sudeste? Conhecer o Brasil ou o Exterior? São perguntas pertinentes, quando as férias se aproximam. Mas você já pensou em viajar para destinos nada atrativos? Conhecer o sertão nordestino ou as regiões ribeirinhas da região amazônica? Conhecer projetos de agências missionárias que atuam em orfanatos, asilos ou em povoados? Doar férias não é algo muito comum, mas, nas próximas linhas, você conhecerá histórias de pessoas que tomaram esta atitude.

Pastor Andre Antonio durante visita à Igreja Indígena

André Antonio, 19 anos, trabalhava na função de colorista em uma casa de tintas em São Paulo. Era o ano de 1999, e suas férias chegaram. Ele empregou seu tempo e recursos em uma viagem internacional. Na época, seu coração já ardia por missões. “Eu fiz minha primeira viagem missionária transcultural. Passei 17 dias apoiando o missionário que atuava em Pedro Juan Caballero, Paraguai. Eu era obreiro auxiliar de uma das congregações da AD Belém no Setor 04 – Santana, São Paulo/SP. Doei tempo, dinheiro e energia nessa viagem para o campo missionário”.

Organizado, André registrou em seu diário toda experiência vivenciada em campo. “O impacto foi glorioso, uma experiência ímpar. Eu tenho um registro do dia a dia dessa viagem. Fiz um diário e lá iniciou um projeto missionário, que desenvolvo até hoje. Essas viagens de curto prazo, bem organizadas, é uma bênção tanto para o campo missionário como para quem se dispõe a ir. No meu caso, o impacto tornou-se impulso e levou a tempo integral ao campo missionário eu e minha família. Quando retornei dessa viagem, dediquei-me a preparar-me mais nas áreas da Teologia, Missiologia e experiências no ministério”.

Pr. André no Sertão Argentina – Santiago del Estero

Após a primeira viagem, André não parou mais; realizou tantas outras que até perdeu a conta. “Antes de ir definitivamente ao campo missionário, eu devo ter realizado pelo menos sete viagens missionárias transculturais. Depois de 2009, não sei quantas viagens realizei, porque desde 9 julho desse ano tornei-me um mobilizador desse tipo de viagem”. Ele relata três pontos importantes pelos quais vale a pena doar férias para missões. “Experiências de campo; ter noção da necessidade de preparar-se mais; maior envolvimento nas missões transculturais, mesmo servindo na igreja local”. André hoje é pastor da Igreja Hispana Asanblea de Dios, na Zona Norte de São Paulo/SP, Setor 04. É casado e tem três filhos.

Uma tradição de família

Luiz Henrique interessou-se por doar férias para missões influenciado por sua família. “Essas viagens eram muito frequentes na rotina de minha família; foi minha família quem me ensinou a doar férias para missões. Eu ainda era criança, quando minha tia e minha vó faziam isso”, relata cheio de orgulho.

Natural de Brasília, Luiz conta que uma de suas primeiras viagens foi para o Nordeste brasileiro. “Uma das minhas primeiras experiências em doar férias foi para o Nordeste. Foram 21 dias de viagem, cinco Estados e 11 igrejas. Uma viagem bem cansativa, mais muito marcante”. Além da influência da família, ele também teve a curiosidade aguçada pelos testemunhos dos que retornavam. “Eu quis participar dessa viagem, porque todos os irmãos que foram, comentavam como era impressionante passar tantos dias fazendo missões. Tinham que montar o som para os cultos nas praças, dormiam em escolas e às vezes até dentro do ônibus”. Recorda Luiz que tinha 20 anos na ocasião.

Missionário Luiz Henrique (à direita) durante viagens na região nordeste do Brasil

 O choque de realidade é unanime entre os postulantes à obra missionária. Com Luiz não foi diferente. “Vi a realidade de pastores que haviam deixado tudo para servir a Deus; como os irmãos nos recebiam com tanto carinho, apesar de não nos conhecer, e como as pessoas recebiam o Evangelho. Nesse momento, havia ainda muita idolatria no Nordeste e a situação começava a mudar com a chegada desses grupos de evangelistas e pastores; fiquei muito impactado”.

Situações inusitadas acontecem nessas viagens, como as histórias de uma freira e de um padre. “Conheci uma freira que tinha abandonado o catolicismo e uniu-se a nossa caravana para testemunhar de sua conversão. Também conhecemos um padre na cidade de Belém do Brejo do Cruz/PB, que foi convidado ao culto que a caravana fez na rua. No outro ano, ele se converteu e abandonou a batina. Foram testemunhos incríveis”, relembra.

Acompanhar a caravana não basta. Tem que participar. “Eu mesmo tive a oportunidade de evangelizar uma senhora, de uns 70 anos de idade, que não queria me receber, pensando que eu ia falar mal de Maria. Preguei para ela, fiz amizade e na viagem do ano seguinte levei uma Bíblia de presente”. Luiz não parou mais. A cada ano ele fazia novas viagens. “Depois disso, sempre que tinha férias, ou dias de descanso por feriado prolongado, conversava com meu chefe e entregava minhas férias para missões. Foram quatro ou cinco férias que eu tive nesse período, além de também entregar meus fins de semana e feriados”.

Após investir tanto tempo em viagens nacionais, Luiz Henrique depara-se com um convite para sua primeira viagem internacional. Índia e Nepal eram os destinos. Mas surge um imprevisto. A viagem estava agendada para o período que ele não teria férias para tirar. “Fui orar e pedir um adiantamento de férias. Bem cara de pau. Você tinha que ter visto a cara do meu chefe. Mas, para glória de Deus, eles me deram adiantamento de férias e todos os direitos também. Graças a Deus”. Na ocasião, a caravana conheceu os projetos da MCM (Missão Crista Mundial).

Luiz Henrique na Índia

Problema resolvido, agora restava desfrutar a viagem. Luiz resgata o sentimento que teve ao chegar. “Foi impressionante ver a realidade da Índia; eles têm ídolos em cada esquina. Um altar em todos os lugares, deuses de todos os tipos. O rio Ganges é muito sujo e com rituais para o Sol, todos os finais de tarde. Templos e mais templos; as viúvas são abandonadas em uma cidade ‘sagrada’, chamada ‘Vindravan’. Impressionou-me um culto que fizemos na cidade de Varanasi, em um lugar onde fundaram uma igreja anglicana. Um lugar seguro para as reuniões cristãs. Foram batizadas cem pessoas e o projeto com as crianças e viúvas é muito bonito. Ainda é muito difícil pregar o Evangelho na Índia. É literalmente um outro mundo”.

Luiz Henrique compartilha que a visita ao Nepal foi um divisor de águas em seu ministério. “Foi no Nepal onde meu coração foi tocado. Conheci o projeto Meninas dos Olhos de Deus, que resgata meninas e meninos vendidos como escravos; as meninas como escravas sexuais. Elas nos contaram como foram resgatadas, como se sentiam impuras e como os missionários as resgataram e lhes ofereceram, pela primeira vez, um lar. Esse projeto hoje é referência no Nepal, e até mesmo entre ONGs humanitárias na região”.

Missionário Luiz Henrique ao lado se sua esposa, missionária Regina

A viagem à Índia e Nepal acendeu de vez a chama missionária no coração de Luiz. “Eu estava encantado com tudo que eu vi. Voltei de lá com mais ânimo e um fogo, que eu não podia explicar, no meu coração. Foi então que decidi deixar tudo para seguir em missões. Conheci o pastor Valdemar Carvalho, que me incentivou a dar um passo de fé. E com a ajuda e apoio do mau pastor, cheguei ao campo. Hoje estou no México; devo muito do que sei as viagens missionarias que realizei. Entreguei todas as minhas férias para missões, e, hoje, toda minha vida”. Concluiu. Luiz Henrique é pastor e missionário na cidade de … É casado com a missionária paulista Regina de Lima.

Deus escolhe destinos

Há três anos a jovem brasileira Davilania Eufrásio serve como missionária em El Alto, La Paz, Bolívia, cidade que fica a quatro mil metros de altitude e de frio rigoroso. As estatísticas mostram que o índice de desistência de obreiros no campo ocorre nos dois primeiros anos de trabalho, quando o missionário passa pelo processo de adaptação emocional e cultural. A missionária Davilania Eufrásio passou no teste. Começou e é responsável por uma igreja local e pela formação de novos obreiros. Mas é importante ressaltar que antes de servir na Bolívia, ela adquiriu experiência servindo na Igreja Hispana em São Paulo, e em suas viagens, quando doou férias para a obra missionária.

Missionária Davilania na Bolívia

Davilania disse que mesmo antes de doar suas férias para missões, tinha certeza de sua vocação, mas que não esperava servir fora do país. “Nunca pensei em ser missionária transcultural na Bolívia; o que eu tinha era um desejo enorme de ganhar almas para Jesus. Porém, no processo, em obediência, servindo na igreja local, Deus foi me conduzindo até eu chegar à igreja hispana em São Paulo. A porta abriu-se para a Bolívia e eu disse sim; e tenho convicção de que este é o lugar que Deus me chamou para servir no momento; não foi exatamente eu que escolhi; quem escolheu o destino foi Deus”, disse.

Apesar de não esperar servir no campo transcultural, Davilania entendia a importância de investir tempo em viagens missionárias, que, segundo ela, é o primeiro passo que o vocacionado precisa dar. “Minhas primeiras férias que doei não foram para o campo que estou servindo hoje; foram para a Argentina; foi a oportunidade que surgiu na época. Doei minhas férias, porque penso que é importante. Eu tinha que dar esse passo de fé e mostrar que realmente sabia onde eu queria chegar. Toda viagem que fiz, foi com meu próprio dinheiro e investimento, com o consentimento de meu pastor. Acho que a atitude, preparo e disposição de que a pessoa quer isso é muito importante”, concluiu a missionária Davilania.